13 agosto 2011

13.08.1961













O muro de Berlim foi construído em 1961. Praticamente ontem, apenas 13 anos antes do 25 de Abril. 
Todos conhecemos as imagens da construção e das fugas, das pessoas que de um e do outro lado do muro acenavam aos familiares e amigos. Só em Berlim foram assassinados pelo menos 136 fugitivos, no resto do país terão sido várias centenas.
Um filme de animação mostra a máquina bem afinada da "faixa da morte" (aqui, em alemão - mas as imagens falam por si).

Hoje quero lembrar o sofrimento de amigos meus: o pai que fugiu e ajudou outros a fugir, e o preço pago pelos avós, que foram parar às prisões da Stasi. Os piqueniques combinados secretamente, feitos em mesas contíguas em parques da autoestrada, para que as irmãs separadas pudessem ver - disfarçadamente, de relance - os sobrinhos que iam nascendo e crescendo. E, ainda antes da construção do muro, o jovem casal que saiu para Berlim Ocidental com o filho bebé no carrinho, e só trazia uma fralda para lhe mudar. Mais nada, para não levantar suspeitas aos soldados da fronteira.
E tantos como eles.

4 comentários:

jj.amarante disse...

O lado positivo do Muro era mostrar de forma muito clara que os regimes como o da Alemanha de Leste não prestavam. Durante o PREC, com o assalto do PCP aos meios de comunicação social, envolvidos por uma propaganda pró-soviética poderosa, o Muro lá estava a lembrar-nos que aquele tipo de regimes fazia as pessoas tentarem fugir.

Paulo disse...

Ainda me arrepio quando recordo o museu de Checkpoint Charlie, e o muro logo ali. Ou os miradouros onde podíamos ver como era a cidade do lado de lá. E um senhor que ao perceber que éramos portugueses meteu conversa connosco numa livraria, sempre olhando discretamente para todos os lados, não estivesse alguém a espiá-lo.

Helena Araújo disse...

jj.amarante,
será? Lá chamavam-lhe o "muro de protecção do capitalismo". E em 1987 ouvi um alemão ocidental, aí dos seus 25 anos, dizer que nós (os ocidentais) não éramos livres mas não nos dávamos conta disso...
A ideologia encontra sempre uma fresta por onde se insinuar.

Paulo,
e estiveste na estação da Friedrichstrasse? Isso é que era impressionante: ocidente e leste frente a frente, à distância de poucos metros. E os polícias armados com metralhadoras do lado de lá, os hippies do lado de cá.

Paulo disse...

Claro. Chegávamos ao lado de lá de Berlim por Friedrichstrasse, após a passagem por várias estações de metro emparedadas. Era um outro mundo.