13 agosto 2011

13.08.1961 - 13.08.2011 (1)

Hoje, cinquenta anos após o início da construção do muro, milhares de berlinenses pararam para lembrar esse duro capítulo da sua História. E nós com eles, na Bernauerstrasse, local onde decorreram as cerimónias mais importantes (aqui, um filme com um pequeno resumo, em alemão).

Antes do raiar do dia, entre a meia-noite e as seis da manhã, foram lidas na Capela da Reconciliação as biografias de pessoas que morreram ao tentar passar o muro, o que foi transmitido em directo por uma estação de rádio. 

Nós chegámos já depois dos discursos dos políticos e da homenagem junto ao memorial, mas a tempo de participar no minuto de silêncio que se realizou ao meio-dia. Depois cantou-se o hino ("Unidade, Direito e Liberdade para a pátria alemã" - como se tivesse sido escrito de propósito para esta ocasião ) e uma antiga canção revolucionária que não perde a actualidade: die Gedanken sind frei (os pensamentos são livres).


Seguiu-se um bailado no novo espaço do memorial do muro de Berlim, na área da faixa da morte entre a Ackerstrasse e a Igreja da Reconciliação: participantes de várias idades tematizavam a história daquela rua. (amanhã tentarei pôr aqui um vídeo onde se vê parte do bailado - de momento ainda não está disponível na internet)

Depois os figurões foram-se embora, e nós pudemos sentar-nos nas cadeiras deles para assistir a conversas muito interessantes com testemunhas da época. Os primeiros convidados contaram como viveram esse dia 13 de Agosto e os seguintes. Outros temas: ajuda para os refugiados, desafios à política, resistência e ajuda à fuga dos "sitiados", resgate/tráfico humano por motivos humanitários, testemunhos dos Aliados, etc. 

Gosto da maneira como os alemães trabalham a sua Memória com palavras e gestos dignos, simples e claros. Como Klaus Wowereit, o representante máximo da cidade, que no seu discurso lembrou que em circunstância alguma se pode desculpar esta violência do Estado contra os seus cidadãos. Como os que hoje passaram filmes que documentavam a história do muro, chamaram testemunhas para fazer depoimentos perante o povo da cidade e convidaram todos a unir as suas vozes entoando canções de profundo significado simbólico e histórico.

Nos próximos posts continuarei a escrever sobre este tema.

Sem comentários: