Olá, Rita
atravessando o rio Lima ao fim do dia pela ponte nova, junto a Viana, sou apanhada pelo azul profundo da água, o verde das ilhas ocasionais, o verde mais pujante das margens. Beleza pura, diria eu - cega à paisagem industrial, ao desconcerto do casario, à nódoa do porto marítimo.
E de repente tenho outra vez cinco anos, e encosto o nariz ao couro vermelho do assento da frente do carro para ouvir melhor a minha mãe
...os soldados recusaram-se a atravessar o rio porque, vendo-o tão estranhamente belo, tinham a certeza que era o Letes, o rio do esquecimento. Mas o centurião atravessou-o a nado, e do lado de lá chamou-os todos, cada um pelo seu nome...
e dou-me conta de que, independentemente do que hoje façam à sua paisagem, a beleza deste rio entrou para dentro de mim há muitos anos, e nada a poderá alterar.
2 comentários:
Isso de aprisionar a beleza dentro de nós é muito bom. Sabê-la de cor e tratá-la por tu. E lembrei-me disto "Aquilo que amamos devemo-lo saber de cor. Não é por acaso que 'coração' em latim é 'cor'. Ninguém nos pode tirar nunca o que sabemos de cor. Deixem-me frisar: saber, saborear de cor, com o coração, não com a cabeça. Queremos sempre levar connosco o que amamos", George Steiner, Ler nº 100, Março 2011. Beijinhos do Tejo
Bela frase!
Por outro lado, isto não é bem aprisionar a beleza, é criá-la (ou recirá-la) com os olhos do coração.
(Estou aqui estou a citar o Principezinho, meio caminho andado para tentar um concurso de Miss-País-Qualquer...)
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