11 abril 2011

querido diário:

De manhãzinha cedo saí feita taxista, para ir buscar o Joachim ao aeroporto e levá-lo ao trabalho. Enquanto esperava dentro do carro, a uns vinte metros do seu avião (já disse aqui que o aeroporto de Tegel é o mais fantástico do mundo?), ri-me com um detalhe da descrição da première do ballet Esmeralda, que passava na rádio: o bailarino Michael Banzhaf fez um Frollo tão convincente, que no fim foi vaiado pelo público.
Para nossa surpresa, o lugar de estacionamento reservado do Joachim estava ocupado por outro. Ele foi trabalhar, e eu fui resolver o problema. Num instante encontrei o chefe das oficinas que me deixou usar um dos seus lugares. Fui levar a chave à secretária dos serviços, que abriu um grande sorriso e me levou ao gabinete do Joachim, enquanto dizia "ele já foi buscar um café, e devia começar o dia devagarinho, porque temos muito que fazer" (quem me dera ter uma secretária assim).
O gabinete está lindíssimo: com móveis todos velhos encontrados no armazém, uma escultura nossa e quadros emprestados por um pintor amigo.
Deixei-lhe o carro, disse onde estava, disse o nome do simpático que me ajudou, e voltei para casa de transportes públicos. Passei por um velhote que se tinha apeado da sua bicicleta avariada, e vi parar um rapaz sorridente, com ar de profissional do velocípede - capacete e bicicleta de corrida e pernas como um cavalo de raça - oferecendo-se para ajudar.
No Media Markt perdi a cabeça, e comprei DVDs como se me preparasse para fazer um sabático em frente à televisão. No metro tentei meter o saco dentro da minha mochila, e a senhora à minha frente sorriu-me e comentou "são sempre demasiado pequenas, as mochilas", e eu respondi "especialmente quando se exagera nas compras!", e ela começou a contar "tenho andado a ajudar duas famílias, uma com cinco filhos e outra com oito, cujo pai está desempregado, e levo-lhes sempre coisas mas é difícil conseguir que caiba tudo nos sacos", "talvez fosse boa ideia arranjar um daqueles carrinhos de ir às compras?" sugeri eu, "um carrinho de avó? é melhor não: ainda me sentia mais velha do que sou" rematou ela, e eu despedi-me e saí porque já era a minha estação.

O Ratzinger que não me venha com conversas do "deserto interior". Que eu hoje, em duas horas e meia pela cidade, só encontrei gente movida a água fresca.

4 comentários:

Gi disse...

:-)

maria disse...

não anda de metro, nem de bicicleta...;)

Helena Araújo disse...

Pois! Aquele Papamobil tem um problema de distorcer um bocadinho a visão da rua...
Tenho andado a pensar um bocado nisto por causa daquele inquérito a que também respondeste. A minha vontade agora é responder remetendo para o teu texto.

maria disse...

ó miúda, tu não te acanhes. ;)

o meu texto, já me confessei um bocadinho envergonhada daquilo. Ando cansada para além da conta e não saiu como queria. Mas as ideias, são aquelas.

Ontem segui atentamente uma entrevista do cardeal Policarpo na RTP, sobre a situação política do país. Interessante a visão dele. Mudassem o tema para "Igreja católica", e servia na perfeição.
Aliás, quando confrontado com o ensino da economia liberal na UC, escapou que nem uma enguia. E a "santinha" da Fátima Campos Ferreira, segui-o embebecida.