28 janeiro 2011

cloaca a céu aberto (2)

Para os que ficaram indignados com o que contei neste post, aqui vão notícias frescas:
- Encontrei na internet um trabalho de uma aluna do secundário que andou a investigar o caso, fez o seu julgamento, e combinou com os outros alunos da sua escola uma maneira de tirar força à página: encheram-na de frases curtas copiadas da wikipedia, de modo que quem lá ia à procura de maldades só encontrava coisas sem nexo. Nem sei como exprimir a minha admiração por eles.
- Ontem o site deixou de existir.
- Quando se escreve esse endereço, é-se redireccionado para um blogue com o mesmo nome, onde o autor, até agora ele próprio anónimo e dizendo-se residente na Nova Zelândia, aparece identificado: Aaron Goldberg, 24 anos, Berlim. Os leitores são avisados que têm de ter cuidado com o que escrevem, porque se acabou o anonimato.

O site tinha apenas duas ou três semanas.

Será que já disse isto hoje? Dá gosto viver num país assim.

7 comentários:

jj.amarante disse...

Tinha pensado sugerir algo parecido mas bastante pior que seria inundar o site de considerações parecidas sobre todos os alunos, de forma a mostrar a irrelevância das originais. Esse tipo de ruído da Wikipédia parece-me muito melhor. De qualquer forma há uma lição muito importante para os alunos e para toda a gente em geral é que pelo facto de alguém dizer alguma coisa isso não é necessariamente verdade. Claro que toda a gente sabe isso mas é fácil esquecermo-nos, como o uso do ditado "onde há fumo há fogo" demonstra.

Helena Araújo disse...

Isso é um aspecto da questão, e o outro é: e se for verdade?
Há verdades que magoam muito, e que nós não costumamos dizer na cara das pessoas, porque somos responsabilizados pelo nosso comportamento.

E nem vou fazer comentários sobre o modo como todos estes miúdos se posicionam perante a questão da homossexualidade.

Carla R. disse...

Ainda bem, ainda bem. Porque é que dizes que é bom viver nesse pais ? Achas que não poderia acontecer o mesmo em Portugal ?

A homossexualidade é um dos tais casos que parece que é aceite/compreendido/tolerado por toda a gente e depois zunga! de vez em quando parece que não se passou nada e ainda estamos todos a viver nas cavernas...

Gi disse...

e se for verdade?
Pergunta bem, Helena, porque se for verdade ninguém tem nada com isso.

Tinha-me escapado o outro post. A vantagem é que quando o li já a questão do site estava resolvida.

Mas as questões de fundo, o anonimato, a maledicência, e as atitudes perante o sexo ou a diferença, essas ainda vão dar muito trabalho.

Helena Araújo disse...

mãe que capotou,
será que em Portugal resolviam um problema destes em duas semanas? Talvez eu tenha uma visão muito pessimista do meu país...

Gi,
se for verdade, ninguém tem nada com isso. Mas nem o Clinton soube como reagir, quanto mais estes miúdos de 13 e 14 anos.
As questões de fundo estão aqui para ficar. Não se pode tirar a maldade e a bruteza das pessoas, sobretudo se as podem exercer sem terem de sofrer as consequências.

O modo como os miúdos reagiram às acusações de um colega ser gay estão-me a dar que pensar: eles fizeram com a melhor das intenções, claro.

Unknown disse...

Helenamiga

Claro que em Portugal não se resolvia um problema assim. Há montanhas de problemas que, como é sabido, se podem agrupar em três alíneas:

a) Os que se resolvem, poucos;

b) Os que o tempo há-de resolver, e

c) Os que se resolvem com a gaveta.

Exagero? Aceito que sim. Mas, não ando muito longe da verdade. Ainda que, de acordo com o Pirandello para cada um sua verdade...

Quanto à Alemanha, havemos de conversar. A Deutschland Über Alles ainda que seja o Hino Nacional, faz-me uma certa confusão; acima de todos...

Na Minha Travessa um dia vou abordar isso. E gostarei de ver-te por lá. Auf Wiedersehen, danke schön und bis dann .... O meu alemão é fraquito, mas. E o Tradutor Google também ajuda, olarila.

Qjs = queijinhos = beijinhos

Helena Araújo disse...

Henrique,
"Deutschland Über Alles" pertence a uma estrofe do hino nacional que agora é proibida.
O que se canta agora é "unidade, direito e liberdade / são a garantia da felicidade".
Mas o verso "a Alemanha acima de tudo" não está ligado ao imperialismo que lhe atribuímos (ou no período nazi lhe foi atribuído) mas a uma fase da história alemã, quando de uma miríade de condados e principados se fez um país único: a Alemanha acima de cada um daqueles territórios e interesses regionais.

Esse tradutor google hoje está muito em forma!