De um lado, o wikileaks revela lista de infraestruturas "sensíveis". É certo que os terroristas fazem o seu trabalhinho de casa, e até sabem uma ou outra coisita, mas não havia necessidade de lhes servir o trabalho já todo feito na internet.
De outro lado, um apelo para que as pessoas vão levantar o seu dinheiro do banco. Não saberão elas que a falta de liquidez dos bancos provoca imediatas dificuldades à economia?
Que espécie de niilismo é este? De onde nos vem esta febre de autodestruição?
13 comentários:
Dizem as escrituras que quem com ferro mata, com ferro morre.
O ataque selvagem que se tem feito contra as pessoas só poderá provocar selvajaria na resposta.
É bom que as pessoas (quem ataca e quem se sente atacado) tenham consciência do que andam a fazer para que isto não dispare no absurdo total.
Não se prevê nada de bom.
A "febre" indicia a gravidade do estado infeccioso em que o modelo económico se encontra.
Por este andar, nem o sistema democrático formal terá cura.
É de esperar que as pessoas comecem a reagir com muita agressividade aos "vírus" que invadiram os centros de poder.
Não vejo razões para espanto.
A História mostra que não se pode humilhar continuadamente a maioria das pessoas, (enquanto se protege um grupo de "lambões"), e esperar que não haja ondas de revolta ou mesmo Revoluções...
O wikileaks, que eu saiba, não tem grandes motivos de queixa do sistema económico. Isto parece mais um ódio difuso contra o sistema, ou uma "private agenda".
O exemplo mais recente é de uma estupidez avassaladora: divulgar os pontos que os EUA sentem como calcanhar de Aquiles?!!!
Já o pessoal que quer boicotar os bancos é irresponsável: ainda outro dia os Estados fizeram injecções brutais de capital nos bancos para lhes dar liquidez, e agora o "povo" rema em sentido contrário. Quem pensam que vão castigar?
Quem elegeu Sócrates em Portugal? O povo português. É o seu governo que facilita obras desenhadas para o grupo BES e a Mota Engil.
O sistema financeiro apresenta problemas, mas ninguém se queixou quando se importavem quantidades brutais de crédito, o que foi uma irresponsabilidade.
Não confundam os problemas de Portugal com o mundo. Há menos 30 milhões de pobres em cada ano. Só na India e China são menos 20 milhões em cada ano. O Brasil cresce aà taxa de 8% ano. O mundo está menos pobre.Países europeus como os bálticos voltam a crescer a taxas de 4 ou 5 %, e não param de progredir.O mundo está acrescer a Europa do Sul é que não. Perguntem porquê.
Os países do Sul da Europa viverema dez anos de condução desatrosa e agora culpam o mundo. Perguntem por que motivo isso aconteceu.
Sem o sistema bancário recuariam a uma economia de recolecção.
Tinha graça se se lembrassem de também dizer aos bancos para pedir imediatamente de volta o dinheiro que emprestaram...
(isto é só uma provocaçãozinha... que isto dos bancos e da criação de dinheiro através dos empréstimos é uma longa história e eu não tenho tempo... e ainda podia ir pela impressão do dinheiro, mas então é que se me ia o dia por entre os dedos.)
Eu cá ainda estou a pensar em que meia vou meter o meu rico dinheirinho. Estão todas rotas!
;-)
No meu comentário não me referia ao wikileaks em especial, mas a fenómenos de revolta social, (a que chamo "febre"), que irrompem nos nossos dias e que tendem a tornar-se violentos e incontroláveis.
O que insisto em dizer é que quando se provocam situações devastadoras para a vida de pessoas, cujo nível de instrução não é de molde a entender o sistema financeiro, cuja situação é agora cada vez mais humilhante e desesperada, não se pode esperar que elas se sentem a reflectir sobre os "danos colaterias" que as suas revoltas vão provocar.
Talvez seja este o tempo em que as organizaões partidárias e sindicais já não controlarão os movimentos de massas subindo e descendo ordeiramente as avenidas, gritando a indignação e voltando a casa sem causar estragos...
Por outro lado fenómenos como "greves selvagens" e outros poderão irromper com recurso a sms e à Net e tendo o exemplo wikileaks como sinal de força e modelo de actuação, por muito que isso nos desagrade.
Penso que vivemos "o fim de uma era" onde um certo caos provocará novidades, mas enquanto dura, esta violência mata!
Agora quanto à wikileaks - há mais quem tenha "private agenda" como acabaremos por perceber. Valia a pena perguntar aos OCS porque publicaram selectivamente isto e não aquilo...
Bom feriado!
exactamente. de uma irresponsabilidade criminosa.
foi aí (há 2 dias, não foi?) que decidi a minha opinião sobre o aussange.
*assange
Céu,
tenho andado a pensar nisso: quais são os motivos da revolta? Ninguém, nem os mais pobres, vivem hoje pior do que os seus pais viviam há trinta anos. Ninguém vai para a escola com camisolas tricotadas pela mãe e as calças que os dois irmãos mais velhos já usaram. Não se vê um único aluno com as mangas do casaco de fazenda prolongadas a crochet, para fazer mais um inverno. O sistema, o capitalismo, os mercados - tudo isso tem de levar uma volta, sim. Mas por muito que as coisas piorem, quantos de nós regressarão ao baixo nível de vida que tinham há apenas trinta anos?
Quais os motivos deste ódio que incendeia e arrasta?
sem-se-ver,
andava para falar contigo sobre isso há uns dias, por causa daquele vídeo que finalmente vi. O Assange não me pareceu estruturado e com princípios sólidos - sejam eles quais forem. Lembrou-me uma criança a brincar com o fogo - algo que a fascina, mas cujas consequências não consegue prever. Algumas das revelações do wikileaks têm sido muito importantes (embora com riscos graves para algumas pessoas), perante outras só me pergunto o que é que eles querem atingir. Talvez apenas isto: transparência.
Um fundamentalismo como outro qualquer.
Por outro lado, os Estados não estão a sair bem na fotografia. Pôr a interpol atrás dele por causa de sexo sem preservativo?!!!
Os ingleses a decidir se o enviam para a Suécia, os americanos a esfregar as mãos de contentes?!!!
Não gosto do Assange, não gosto do que ele fez, mas estava capaz de ir para a rua participar numa manifestação de milhões para o gajo não ser mandado sabe-se lá para que prisão americana para lhe extorquirem informações sabe-se lá como (infelizmente sabe-se muito bem como) sobre os informadores.
Helena,
"Não se vê um único aluno com as mangas do casaco de fazenda prolongadas a crochet, para fazer mais um inverno."
Sim tens razão!
Será porque foram criadas expectativas muito elevadas e ao mesmo tempo se deu a impressão de que todas as pessoas podiam ter tudo o que sonhavam?
Lembro-me, assim de repente, dos anúncios de crédito fácil e imediato... Da publicidade aos novos modelos de produtos a crédito... Da viagem de sonho ao alcance de um clique - "vá agora e pague depois"... O célebre: "Porque você merece!"
De repente é dito e repisado que afinal... Aquele "mar de rosas" já não vai ser possível!
Juntemos a isto a dificuldade em lidar com a frustração. Quantos sabem interpretar um Não?
Se pensarmos nos casos em que as pessoas vão sendo despedidas por mail, por sms - tecnologias que simbolizavam o acesso a "tanta coisa" e se tornaram mensageiras do novo empobrecer!
Num país que tem um elevado número de contratados, de recibos verdes, trabalho precário, baixa escolaridade, onde a pobreza cresce, cresce, cresce!
... Um punhado de políticos prometeu mundos e fundos e agora aparece a dizer que vai alterar também o código do trabalho!
Não me meto em análises científicas. Falo de uma parte deste país que é a que contacto diariamente.
Real! Temos miúdos que passam fome, mas sonham ter...
Dizes e bem:
"Mas por muito que as coisas piorem, quantos de nós regressarão ao baixo nível de vida que tinham há apenas trinta anos?"
Olha, não sei...
Mas verifico que cresce a desidentificação e a desesperança.
Estão aqui alguns dos ingredientes para a revolta.
[ Venho aqui em tempos desencontrados, mas gostei deste bocadinho. :) ]
concordo completamente contigo, helena.
parece-me um personagem um pouco esquizoide: por um lado, cheio de bons princípios tal d. quixote, por outro catraio embriagado com o poder que está ao seu alcance.
Enviar um comentário