1. Em Biberach, uma cidadezinha perdida para lá da Floresta Negra, um grupo de jovens músicos que toca em bandas criou uma escola de música para crianças. Guitarra, bateria, piano. As salas têm paredes de vidro, para que todos possam ver o que se passa lá dentro, e os pais são muito bem-vindos nas aulas. Todos os anos há concerto: matulões e crianças de seis anos, juntos e ao vivo, a tocar modernices. E os pais a morrer de riso e baba.
Uma mãe contava-me que é óptimo poder assistir às aulas, porque aprende também e sabe depois como ajudar o seu filho em casa. O pai dizia que os miúdos adoram os professores. Pudera: são as stars lá da terra!
2. Nas aldeias da Renânia-Palatinado há muitas quintas de viticultores que reconverteram alguns edifícios para restaurante e pensão. Uma ideia simples: as pessoas vêm comer uma sopinha ou um prato regional, provam o vinho, acabam por comprar várias caixas. Ou: provam demasiado vinho, e passam lá a noite. Tudo com boa qualidade e a preços muito razoáveis. Por exemplo: já se encontram vinhos honestos a 3 euros a garrafa (muito gostava eu de perceber como é que alemães conseguem vender vinho a este preço) (um dos truques, sei eu: rolhas de plástico ou de rosca) (é hoje que me tiram a nacionalidade portuguesa).
No viticultor onde estivemos havia um restaurante que servia pratos regionais entre os 4 e os 7,5 euros. A dormida com pequeno almoço custa 22 euros por pessoa. Por trás do restaurante tinha um parque infantil que fez as delícias dos miúdos: enquanto nós provávamos os vinhos (5 euros por pessoa, prova de 8 variedades, inclusivamente um vinho doce feito com uvas colhidas a temperaturas negativas), eles andavam felizes no slide gigante, nos baloiços, nos escorregas...
Gosto desta maneira alemã de apostar numa discreta qualidade. Um esforço continuado, sem euforias nem preços superlativos. Um modo de vida.
A quem interessar possa:
- O viticultor: Familienweingut Geiger, Hauptstrasse 21, 76889 Dierbach (site)
- Um bom restaurante, com B&B: Gasthof zum Lam, Winzergasse 37, 76889 Gleiszellen (site)
5 comentários:
Sim. E os vinhos alemães, apesar de bem diferentes dos nossos, são também deliciosos! Têm que se combinar com os pratos certos, há ocasiões para tudo :)
Olá! Realmente há grandes diferenças aí na Alemanha, mas os preços... Chegam a ser melhores do que cá... Enfim: Para se ter uma ideia, em Julho deste ano estive em Hamburgo e Kiel (ia apanhar um navio de cruzeiros) e jantei num restaurante bem jeitoso numa praça não muito longe do Mövenpick Hotel (onde fiquei) e digamos que comi excelentemente bem, com um serviço de excelente qualidade a fazer inveja a tudo o que tenho por exemplo aqui no campo pequeno em Lisboa, tudo por uns €12 por pessoa, onde no Campo pequeno por um de qualidade aproximada pagaria uns €15!
Alguma coisa está errada... e a pouca aposta lusa na Qualidade com "Q" grande, aliada à necessidade de se parecer com aquilo que se não é e logo a especulação serão certamente algumas delas!...
Boa noite!...
PP,
eu tenho visto em Portugal muitas apostas em qualidade com "Q" grande. Mas parece-me que a qualidade com "Q" grande alemã é mais barata...
Também é preciso ver uma diferença cultural importante: os alemães não fazem questão de se armar, nem se incomodam por parecer "pelintras": se o restaurante é caro, não vão.
Vejo isso permanentemente, até nos adolescentes. Ainda ontem me dizia um miúdo de 14 anos: o "air" da Apple está demasiado caro, seria uma estupidez comprar. Ele até podia comprar, mas entende que não se justifica.
Pois...
Em primeiro lugar muitos parabéns pela sua escrita clara, incisiva, mas ao mesmo tempo alegre e divertida!...
É claro que também por cá há Qualidade com Q grande... Mas é de facto rara, cara e acima de tudo algo exacerbada... Ora o que eu quis dizer é que me parece que os Alemães pensam mais na Qualidade com Q grande para todos os segmentos do mercado!...
Boa noite!...
:-)
Obrigada, vai-se fazendo o que se vai podendo...
Boa noite para si também!
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