Malditas SS, raisparta o Hitler, que por causa deles é que hoje não é feriado na Alemanha. E dava muito jeito, porque é quarta-feira, enquanto que o 3 de Outubro este ano calhou num domingo, ora muito obrigada.
Nove de Novembro. Os alemães, povo muito organizado, arranjaram maneira de fazer tudo neste dia: proclamação da República em 1918, tentativa de golpe do Hitler em 1923, queda do muro em 1989. E - malditas SS, raisparta o Hitler - a Reichspogromnacht: o ataque organizado às sinagogas e lojas de judeus em 1938 (no ano passado traduzi um depoimento pessoal sobre isso, que podem ler aqui).
Por causa da queda do muro hoje devia ser o feriado nacional, mas por causa do miserável 1938 não pode ser.
Ficou o 3 de Outubro, data da assinatura do tratado da reunificação. Queriam que fosse o 9 de Outubro, data da manifestação de Leipzig que mudou tudo (podem ler aqui uma versão muito inesperada nestes tempos que correm). Mas o 9 de Outubro vem, infelizmente, dois dias depois do 7 de Outubro, data da fundação da RDA, e ninguém (enfim, quase ninguém...) lhe queria conceder mais um aninho de vida. Ficou com quarenta anos, em vez de quarenta e um, e também por aí se vê a capacidade de organização dos alemães, que arrumam uma ditadura num número redondo. Enquanto que em Portugal, como de costume, ninguém organiza nada: se podiam ter feito o 25 de Abril uns mesitos mais tarde, ficava a ditadura com cinquenta anos. O que é muito mais fácil para fazer as contas. Mas não: é sempre aquela ânsia de fazer quando apetece, aquela mania de desenrascar, e é no que dá.
4 comentários:
Faz-me lembrar o 5 de Outubro, que devia ser dia de Portugal por ter sido a data em que Castela reconheceu a independência do reino em 1143, mas que passou a ser só o aniversário do regime republicano. Goste-se ou não da república, é redutor.
Essa eu não sabia, Gi.
Mas a bem ser, havia de ser a data daquela carta que o D. Afonso Henriques mandou para Roma: "olá, senhor Papa, era só para dizer que agora sou rei."
Isso sim, é um acto fundador!
A não ser que fosse ignorância...
Talvez o sistema educativo de então não ensinasse ao pessoal como é que se escrevem cartas ao Papa. De onde se prova que estes males já são antigos. ;-)
Olá Helena, o respeitinho é muito bonito e a frescura, nesse tempo, ainda não chegava a tanto: não foi o Rei que informou o Papa de que já tinha Reino, foi antes o Papa que informou o pequeno Afonso de que ele, pronto, até o reconhecia como Rei! Senão, ninguém lhe passaria cartão e o seu rebentinho Sancho não teria herdado coisa nenhuma com nome de País...
Isso também, mas foi depois de o Anfonso Henriques ter mandado dizer que era rei (o desplante do rapaz!) e o Papa ter ficado chateado, e ter mandado para lá um embaixador a combinar quantas moedas era preciso pagar para o Papa se deschatear e deixar passar por esta vez...
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