Agora que Portugal descobriu o fenómeno Sarrazin, deixem-me lembrar um post que escrevi há quase um ano: somos todos alemães. O homem é um destravado verbal, e não é de hoje. O problema é a posição que tem (e "quanto mais alto sobes, maior é a queda",como dizia aquele chinês famoso, acho que era trapezista) e os efeitos do seu discurso, que alimenta um tipo de argumentação intuitiva e preconceituosa, fundada no ressentimento. Um resumo simples: do topo do aparelho do Estado alemão há alguém a deitar lenha para a fogueira das conversas de café, especialmente as dos bares de neonazis.
Mudando um pouco a perspectiva, proponho um exercício divertido: nos comentários que fazem aos artigos dos jornais portugueses, troquem "árabes", "muçulmanos" e "estrangeiros" por "portugueses". E imaginem que o comentário foi escrito por um francês, falando dos portugueses em Paris. Por exemplo.
9 comentários:
Portugal tem um melhor: Medina Carreira. E quanto a membros duma suposta elite social alimentarem as conversas de táxi e de bancada, Portugal também está bem na vanguarda, desde Marcelo R. de Sousa a Vasco Pulido Valente...
Tem muita razão, o A. Castanho, só lhe ficou a faltar o Sousa Tavares e, tem dias, o Ferreira Fernandes.
(na verdade, o desafio é encontrar fazedores de opinião que se elevem do tom da praça do táxis)
ora aí está uma vanguarda que não nos honra...
Rita, eu gosto do Ferreira Fernandes. Ainda não o apanhei com cara de taxista... ;-)
Outro dia escreveu uma crónica linda, a propósito das mensagens enviadas aos mineiros chilenos que estão à espera de serem libertados.
Tenho de ver se encontro a que me chocou outro dia!
Não encontrei, se calhar era aquela história do Rei das Costoletas dever evitar a proximidade de mesquitas em Nova Iorque, mas se calhar era só parvinha. Mas agora depois de ler muitos textos dele mantenho que o nível é fraquinho: muitas vezes não diz rigorosamente nada, muitas vezes diz banalidades, de vez em quando puxa ao sentimento, bombeiras exemplares, mineiros chilenos, e toda a gente fica muito emocionada (eu também passei dois anos a escrever sobre política no Notícias dos Arcos e depois a crónica preferida de toda a gente era sobre dar sangue -ingratos!).
Ai, rita, que estou a ver que tenho aqui leitores muito exigentes! Vou passar a escrever os meus posts debaixo da cama, e de gravatinha posta...
;-)
Tu serás muitas coisas, mas nunca és banal (já eu, como ficaria provado se tivesses lido a minha crónica do sangue, enfim).
:-)
Enviar um comentário