07 setembro 2010

estes malditos imigrantes...

Agora que Portugal descobriu o fenómeno Sarrazin, deixem-me lembrar um post que escrevi há quase um ano: somos todos alemães. O homem é um destravado verbal, e não é de hoje. O problema é a posição que tem (e "quanto mais alto sobes, maior é a queda",como dizia aquele chinês famoso, acho que era trapezista) e os efeitos do seu discurso, que alimenta um tipo de argumentação intuitiva e preconceituosa, fundada no ressentimento. Um resumo simples: do topo do aparelho do Estado alemão há alguém a deitar lenha para a fogueira das conversas de café, especialmente as dos bares de neonazis.

Mudando um pouco a perspectiva, proponho um exercício divertido: nos comentários que fazem aos artigos dos jornais portugueses, troquem "árabes", "muçulmanos" e "estrangeiros" por "portugueses". E imaginem que o comentário foi escrito por um francês, falando dos portugueses em Paris. Por exemplo.

9 comentários:

Ant.º das Neves Castanho disse...

Portugal tem um melhor: Medina Carreira. E quanto a membros duma suposta elite social alimentarem as conversas de táxi e de bancada, Portugal também está bem na vanguarda, desde Marcelo R. de Sousa a Vasco Pulido Valente...

Rita Maria disse...

Tem muita razão, o A. Castanho, só lhe ficou a faltar o Sousa Tavares e, tem dias, o Ferreira Fernandes.

(na verdade, o desafio é encontrar fazedores de opinião que se elevem do tom da praça do táxis)

Helena Araújo disse...

ora aí está uma vanguarda que não nos honra...

Helena Araújo disse...

Rita, eu gosto do Ferreira Fernandes. Ainda não o apanhei com cara de taxista... ;-)
Outro dia escreveu uma crónica linda, a propósito das mensagens enviadas aos mineiros chilenos que estão à espera de serem libertados.

Rita Maria disse...

Tenho de ver se encontro a que me chocou outro dia!

Rita Maria disse...

Não encontrei, se calhar era aquela história do Rei das Costoletas dever evitar a proximidade de mesquitas em Nova Iorque, mas se calhar era só parvinha. Mas agora depois de ler muitos textos dele mantenho que o nível é fraquinho: muitas vezes não diz rigorosamente nada, muitas vezes diz banalidades, de vez em quando puxa ao sentimento, bombeiras exemplares, mineiros chilenos, e toda a gente fica muito emocionada (eu também passei dois anos a escrever sobre política no Notícias dos Arcos e depois a crónica preferida de toda a gente era sobre dar sangue -ingratos!).

Helena Araújo disse...

Ai, rita, que estou a ver que tenho aqui leitores muito exigentes! Vou passar a escrever os meus posts debaixo da cama, e de gravatinha posta...
;-)

Rita Maria disse...

Tu serás muitas coisas, mas nunca és banal (já eu, como ficaria provado se tivesses lido a minha crónica do sangue, enfim).

Helena Araújo disse...

:-)