A frota de solidariedade saída da Turquia, acto assumido de provocação no qual participaram vários políticos, intelectuais e activistas europeus, e que foi atacada pelo exército israelita com uma violência que levou a própria Angela Merkel (olhem quem!) a perguntar se o princípio da proporcionalidade terá sido respeitado, teve um triste dano colateral: o naufrágio da retórica nos blogues portugueses.
Uns serviram-se pelo lado do "malditos judeus, sempre os mesmos!" outros optaram pela desconfiança barata "e seriam mesmo apenas alimentos e medicamentos que esses terroristas lá levavam?"
Uns dias mais tarde, os escombros estão a dar à costa: que Israel é o único país da região onde os homossexuais não são perseguidos, balhósdeus, e que realmente maus e desumanos são os outros. Daqui a nada temos sharia verus democracia. Óptimo, óptimo, este mundo avança tão depressa que é sempre bom quando a discussão não sai do sítio - aproveitamos para descansar um bocadinho...
E se, para simplificar, combinássemos alguns princípios de argumentação básicos?
Estes:
- Os erros dos outros não justificam os meus.
- O que eu faço de errado, é errado; o que eu faço de correcto, é correcto. Uma mão não lava a outra.
5 comentários:
Uma verdade simples e necessária.
a discussão está tão inquinada e há tanto tempo que dificilmente se encontram argumentos interessantes.
1) quem começa o quê?
para cada acção encontramos alguém que argumenta que tal se deve a qualquer outra "barbaridade" perpetrada não sei quando...
solução: convenhamos que se eu tivesse uma, seria o mais óbvio candidato ao Nobel da Paz.
a) era necessário que ambos (Israel e Palestina) estivessem dispostos, de boa fé e muita vontade própria, a encontrar uma solução.
Eu acho que nenhuma das partes está interessada em pensar numa solução a não ser esta: cada um acha que o problema só acaba quando o outro desaparecer.
Daí que... Não há solução!
José,
dentro de cada uma das partes há muitas partes diferentes. Pelo que eu não diria que cada um acha que o problema só acaba quando o outro desaparecer. Os que pensam assim são uma minoria, de ambos os lados.
Mas os problemas a resolver são imensos: a redefinição das fronteiras (e o problema dos colonatos ilegais), o direito de regresso dos refugiados (muitos deles pura e simplesmente expulsos das suas terras), Jerusalém-Leste, o acesso à água...
Uma solução "confortável" para um dos lados é insuportável para o outro. E agora?
Se o José tivesse uma solução, ganhava os prémios Nobel da Paz durante 100 anos seguidos!
Israel envergonha-nos a todos: por aquilo que faz (e porque o faz, também, em nosso nome e em prol da nossa segurança Ocidental), por um lado, e pelo que nos lembra de "termos" feito aos seus avós, por outro. A única solução seria decretar-se uma moratória de vinte ou trinta anos de violência interdita a todos e, finalmente, começar depois a dialogar-se de boa-fé. Ingenuidade minha, infelizmente...
nem mais!!!
:)
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