13 junho 2010

andamos a brincar a quê, concretamente?

A frota de solidariedade saída da Turquia, acto assumido de provocação no qual participaram vários políticos, intelectuais e activistas europeus, e que foi atacada pelo exército israelita com uma violência que levou a própria Angela Merkel (olhem quem!) a perguntar se o princípio da proporcionalidade terá sido respeitado, teve um triste dano colateral: o naufrágio da retórica nos blogues portugueses.
Uns serviram-se pelo lado do "malditos judeus, sempre os mesmos!" outros optaram pela desconfiança barata "e seriam mesmo apenas alimentos e medicamentos que esses terroristas lá levavam?"
Uns dias mais tarde, os escombros estão a dar à costa: que Israel é o único país da região onde os homossexuais não são perseguidos, balhósdeus, e que realmente maus e desumanos são os outros. Daqui a nada temos sharia verus democracia. Óptimo, óptimo, este mundo avança tão depressa que é sempre bom quando a discussão não sai do sítio - aproveitamos para descansar um bocadinho...

E se, para simplificar, combinássemos alguns princípios de argumentação básicos?
Estes:
- Os erros dos outros não justificam os meus.
- O que eu faço de errado, é errado; o que eu faço de correcto, é correcto. Uma mão não lava a outra.

5 comentários:

Luís disse...

Uma verdade simples e necessária.

José Doutel Coroado disse...

a discussão está tão inquinada e há tanto tempo que dificilmente se encontram argumentos interessantes.
1) quem começa o quê?
para cada acção encontramos alguém que argumenta que tal se deve a qualquer outra "barbaridade" perpetrada não sei quando...
solução: convenhamos que se eu tivesse uma, seria o mais óbvio candidato ao Nobel da Paz.
a) era necessário que ambos (Israel e Palestina) estivessem dispostos, de boa fé e muita vontade própria, a encontrar uma solução.
Eu acho que nenhuma das partes está interessada em pensar numa solução a não ser esta: cada um acha que o problema só acaba quando o outro desaparecer.
Daí que... Não há solução!

Helena Araújo disse...

José,
dentro de cada uma das partes há muitas partes diferentes. Pelo que eu não diria que cada um acha que o problema só acaba quando o outro desaparecer. Os que pensam assim são uma minoria, de ambos os lados.

Mas os problemas a resolver são imensos: a redefinição das fronteiras (e o problema dos colonatos ilegais), o direito de regresso dos refugiados (muitos deles pura e simplesmente expulsos das suas terras), Jerusalém-Leste, o acesso à água...

Uma solução "confortável" para um dos lados é insuportável para o outro. E agora?

Se o José tivesse uma solução, ganhava os prémios Nobel da Paz durante 100 anos seguidos!

Ant.º das Neves Castanho disse...

Israel envergonha-nos a todos: por aquilo que faz (e porque o faz, também, em nosso nome e em prol da nossa segurança Ocidental), por um lado, e pelo que nos lembra de "termos" feito aos seus avós, por outro. A única solução seria decretar-se uma moratória de vinte ou trinta anos de violência interdita a todos e, finalmente, começar depois a dialogar-se de boa-fé. Ingenuidade minha, infelizmente...

maria disse...

nem mais!!!

:)