Para resolver a crise em Portugal, em vez de reduzir salários e aumentar impostos, podiam-se indexar os salários e as reformas ao salário mínimo.
Por exemplo:
- quem ganhar acima de 4, 6, 10 salários mínimos, paga sobre o excesso um imposto de 80% (com uma variante mais agradável: as chefias de uma empresa não podem ganhar mais que 10 vezes o salário mais baixo pago por essa empresa - ou então, pagam o tal imposto pelo excesso)
- o total de reforma (ou conjunto de reformas) auferida por uma pessoa não pode exceder 4, 6, 10 salários mínimos. Quem quiser mais, tem de fazer um seguro privado complementar.
Dir-me-ão agora: ai, mas os muito competentes merecem ganhar mais...
Quais muito competentes? Ocupar um cargo não é sinónimo automático de competência. A competência mede-se pelos frutos, e - perdoem-me a tirada populista - não se têm visto muitos frutos em Portugal.
Dir-me-ão também: mas vamos afastar do país aqueles que têm mais dinheiro?
Assim sem pensar muito (quando se está numa onda de demagogia, não convém fazer trabalhar os neurónios) pergunto-me quantos muito ricos ajudaram Portugal, e só me ocorre um nome: Gulbenkian.
14 comentários:
Há um outro senhor, português e muito rico, que gostaria de ficar na história como o Gulbenkian nº 2. Mas falta-lhe qualquer coisa que Gulbenkian tinha, e ele, nem que se desunhe.
O Belmiro?
Ah, mas esse já mudou completamente a cultura portuguesa. Que seria de nós sem os chopingues.
;-)
Não. Esse é mais compras. O Berardo.
Nao, o Paulo está a falar do Berardo, aposto.
PS: A ideia nao é má nem populista (estao a habituar-nos a hamar populistas a todas estas sugestoes de redistribuiçao, deve ser a polícia semântica), mas é uma revoluçao absoluta da forma como vemos o trabalho, a retribuiçao e a concorrência e portanto questiona o próprio princípio básica da coisa (em jeito internacionalista, acrescento que nao é possível mudar num só país a alma da coisa). Mesmo que nao questionasse: a ideia é boa mas o no pasarán deles é muito mais forte que o nosso. basta veres as vozes que se levantam, e com que intensidade, de cada vez que queremos subir um boadinho o salário mínimo.
Aaaaaaaaaaaah.
Eu sabia que era um nome começado por B.
Falhei por pouco.
Agora a sério: havia um empresário no Norte que, com o que a sua fábrica rendia, criou uma escola de música para os filhos dos empregados. Tinha orquestra de cavaquinho, orquestra de acordeão, orquestra do tuti-fruti, e mais teatro, e mais dança...
Não é o Gulbenkian, mas fez imenso pela criançada lá da terra.
Por causa dessas vozes é que eu gostava de ter uma ligação entre os salários delas e os salários mínimos. As vozes não se levantariam tão depressa se o aumento deles tivesse que passar por um aumento dos outros.
Outra ideia que me ocorreu foi fazer depender a taxa de impostos salariais das chefias de uma empresa da quantidade de postos de trabalho por elas criadas. Hoje feita merceeira, propunha o seguinte: o que esses novos postos de trabalho renderem em impostos ao Estado pode ser devolvido às chefias em forma de não tributação. Dirão: então os impostos que o varredor da fábrica pagar vão parar ao bolso do gerente? Vão. E no bolso do Estado fica o subsídio de desemprego que deixou de pagar ao varredor anteriormente desempregado.
Hoje tomei um café de marca diferente, se calhar foi isso.
A questao é que as vozes parariam sempre sequer a tentativa dessa tua "pequena reforma". É que nao sao só vozes, é poder, dinheiro, ligaçoes, etc. Um dia quando te apanhar a jeito conto-te tudo sobre a luta de classes ;)
(gostaste do meu paternalismo? quase a chamar-te fofinha aqui dos meus quinze anos? que vergonha!)
Ó Rita, minha grande velha chata: logo agora que estava a sentir que tudo está por fazer e tudo é possível...
;-)
Ilha, ilha, ilha!
:-)
É aquilo que apetece propôr quando se olha para as diferenças entre os verdadeiramente ricos e os que ganham salário mínimo.
E eu sou liberal e tudo :-o
E é aquilo que apetece propor quando o país está em crise e as medidas de austeridade afectam muito mais os pobres que os ricos.
Gostava que alguém me fizesse as contas: quanto é que Portugal poupava se ninguém pudesse receber uma reforma superior a - sei lá - duas vezes a reforma do presidente da República.
Este incluído.
É que fala-se muito nessas reformas milionárias, que custam fortunas ao país, mas ainda não vi números.
Era bom, era, que nos apresentassem essas e outras contas. Dizem-me que essas reformas são poucas e mexer-lhes não teria grande efeito para além do psicológico.
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