06 janeiro 2010

ilha Rügen às escuras

Queríamos ir ver as célebres falésias pintadas por Caspar David Friedrich, mas infelizmente já não existem.

Ao que o Estado alemão chegou, que nem sequer se lembra de betonar falésias, e as deixa em derrocada ao Deus dará...

Plano B, então: caminhada de 3 km até à costa, atravessando um bosque de antigas faias e pântanos gelados...








...e passeio ao longo das falésias brancas.

Uma enorme surpresa: contradizendo o frio, a neve e a falta de sol, junto à praia o mar tinha cor de esmeralda!
(Deve ser resultado do aquecimento global: as Seychelles estão a chegar ao norte da Alemanha...)








Sellin - uma cidadezinha balneária famosa no tempo do Kaiser - às cinco da tarde:




Esta imagem é da Wilhelmstrasse, a rua principal, que vai do lago, num dos lados da cidade, para o promontório sobre a praia. Ladeada de casas brancas com fachadas de madeira muito trabalhadas. Fiz a fotografia de propósito para o blogue Sintra, acerca - para mostrar que não é só em Portugal que os jardineiros municipais têm tiques de castrador.

Fim de uma tarde de inverno em Rügen: passear pela Wilhelmstrasse, descer para a praia, tomar uma bebida quente no café Arte Nova do pavilhão sobre o mar.

Sonhar: ao longe, passam barcos com destino a São Petersburgo.




10 comentários:

snowgaze disse...

vim cá desejar-te um 2010 em grande. Beijinhos!

Rita Maria disse...

Estao fantásticas, as tuas fotografias!

Helena Araújo disse...

Obrigada, Snowgaze, e igualmente!
Obrigada, Rita. Apesar de estarem às escuras...

(o verificador de palavras parece que andou a ler o post - a palavra é: sychalli)

PV disse...

Pobres aleijadas! Mas os alemães do norte têm um bocado mais de desculpa, porque o sol é mesmo muito mais fraquinho do que aqui, pelas bandas do paralelo 39. E que apetecível essa ilha de Rügen, é um dos nossos destinos adiados. As falésias afinal exitem não? Ou as que existem não são as que o Friedrich pintou? E ele não pintou outras partes da ilha? E não há livro/guia que as identifique? E as faias são tão fantásticas ao vivo como nas fotografias? Esse passeio espetou-nos uma agulhinha de inveja.

Helena Araújo disse...

Muito me perguntam...
Do alto da minha sabedoria wikipediana, http://de.wikipedia.org/wiki/Kreidefelsen_auf_R%C3%BCgen, vos respondo que:
- ele costumava fazer composições a partir de esquissos variados;
- a parte principal desta pintura foi feita na Stubbenkammer, que perdeu partes importantes num desabamento recente;
- muitas pessoas pensam que pode ter sido também nas Wissower Klinken, mas isso é impossível: o aspecto que estas apresentam de momento (semelhante ao célebre quadro) ocorreu devido a um desabamento posterior à data do quadro.

Na amazon.de (vocês lêem alemão?) tem alguns livros sobre a passagem do pintor por aquelas regiões.

http://www.amazon.de/Spuren-Friedrich-Greifswald-Stralsund-Neubrandenburg/dp/388132111X/ref=sr_1_1?ie=UTF8&s=books&qid=1262941496&sr=8-1
(já só há usados, o mais barato custa 95 cêntimos - querem que compre?)

e

http://www.amazon.de/Caspar-David-Friedrich-auf-R%C3%BCgen/dp/9057050609/ref=sr_1_3?ie=UTF8&s=books-intl-de&qid=1262941496&sr=8-3

e

http://www.amazon.de/Caspar-David-Friedrichs-R%C3%BCgen-Spurensuche/dp/3865300863/ref=sr_1_4?ie=UTF8&s=books&qid=1262941496&sr=8-4
(este livro procura encontrar pontos comuns entre a paisagem e as pinturas, já que o pintor compunha as paisagens a partir de estudos de diversos pontos diferentes)

io disse...

Que maravilha! Que fotos deliciosas e que vontade de agarrar nos PV e ir passear por essas bandas ;-)

Helena Araújo disse...

As faias são ainda mais fantásticas.
Aquela floresta é protegida desde há quase cem anos. Em alguns pontos tem faias, centenárias, que começaram por ser tratadas para a produção de mobiliário: muito direitas.
E tem vestígios de povos germânicos, explicações sobre aspectos curiosos da natureza (como as formações nos troncos das árvores que crescem no pântano), etc.

Mas vocês, em Sintra, a sentir inveja deste passeio às escuras, até me lembram eu a comer caranguejos-do-Pacífico acabados de pescar numa baía de cedros em Oregon, e a sonhar com Bruxelas e chocolates Godiva...
;-)

Se gostam deste tipo de passeios, incluam mais uns dias para irem a Weimar passear de bicicleta pela rota do Lyonel Feininger. Em muitos pontos puseram cópias dos quadros dele em frente à paisagem concreta.
Quer dizer: pensando bem, talvez fosse boa ideia mudarem-se por uns meses para este lado da Europa...

Helena Araújo disse...

io,
nem queiras saber a vontade que tenho de vos dizer: sim, venham! Tirem dois anos de férias e venham!

(Duas semanas também dá para ficar com uma ideia, e perder vários quilos)

PV disse...

Obrigado pela sabedoria wiki, já espreitámos as referências que deixaste. Só um de nós dá uns toques nessa língua, por enquanto de forma um pouco rudimentar (se o Goethe Institut ajudar, daqui a uns anos a coisa estará perfeita). Entretanto, viagens às terras dos tudescos estão sempre nos nossos planos, embora dois anos talvez sejam alguns dias a mais para nós. De qualquer modo, é uma ideia suculenta para pôr a marinar...

Helena Araújo disse...

Marinem, marinem.
Fica desde já prometida visita guiada a Weimar (também conhecida por triatlon cultural da Helena).
E Berlim, claro.
Embora esteja aqui desconfiada que iria aprender muito mais do que o que já sei para mostrar.