20 novembro 2009
a adopção não é um direito
A propósito do casamento dos homossexuais tem-se falado muito no "direito à adopção". Pior ainda: há quem diga abertamente, ou dê a entender, que no mercado de adopção de bebés - para lhe dar o nome mais próximo da realidade - a procura é maior que a oferta, e que os homossexuais entrarão como concorrência num mercado onde impera a escassez.
A adopção não é um direito. É um serviço que se presta a uma criança em estado de necessidade.
Quem quer adoptar quer ajudar uma criança.
Se me deixassem mandar
(segurem-me, que estou num daqueles dias)
só entregava bebés para adopção a quem já tivesse adoptado previamente uma criança bem mais velha ou com problemas de saúde. Por um ataque de magnanimidade, até estaria capaz de aceitar que não fosse adopção propriamente dita, mas a prestação de um serviço: acolhimento temporário, família de fim-de-semana, acompanhamento regular e responsável de uma criança institucionalizada.
Os bebés iriam para aqueles que deram provas claras de quererem resolver os problemas das crianças, e não os seus.
Dirão: pois, mas os casais que não conseguem ter filhos? É uma injustiça!
Concordo inteiramente: é uma injustiça, uma tragédia, um problema terrível. E, infelizmente, está com tendência para aumentar.
Contudo, essa tragédia não pode ser motivo para perverter a base fundamental da adopção: no seu centro não está uma pessoa sem filhos, está uma criança sem pais. É o adulto que serve a criança, não é a criança que serve para suprir uma necessidade do adulto.
(foto daqui)
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