Por estes dias, há vinte anos, a RDA estava em efervescência.
O regime festejava oficialmente 40 anos mas, na rua, o povo protestava e exigia liberdade e mais democracia. As prisões enchiam-se de manifestantes, nos hospitais faltava capacidade para atender a tantos feridos.
Ao discurso paternalista e ditatorial "nós é que sabemos o que é bom para o Povo" a rua respondeu "o Povo somos nós!"
Por estes dias, as televisões e os jornais lembram o que aconteceu e vão contando pequenos episódios reveladores da coragem e da ousadia daquele povo.
Por exemplo, o noticiário Heute, da ZDF, contava ontem como em Dresden, no dia 7 de Outubro de 1989, aniversário da proclamação da RDA, decorre a première da ópera Fidelio, de Beethoven, com produção de Christine Mielitz. A acção decorre no pátio de uma prisão da Stasi. Um informador da Semperoper escreve um relatório onde avisa para o perigo de o público poder tirar conclusões. Christine Mielitz recebe uma convocação para se explicar. Questionada sobre as suas escolhas, faz-se de inocente e começa a descrever as cenas: "pátio de uma prisão, os prisioneiros passam a roupa a ferro..." - a censura deixa passar.
O regime festejava oficialmente 40 anos mas, na rua, o povo protestava e exigia liberdade e mais democracia. As prisões enchiam-se de manifestantes, nos hospitais faltava capacidade para atender a tantos feridos.
Ao discurso paternalista e ditatorial "nós é que sabemos o que é bom para o Povo" a rua respondeu "o Povo somos nós!"
Por estes dias, as televisões e os jornais lembram o que aconteceu e vão contando pequenos episódios reveladores da coragem e da ousadia daquele povo.
Por exemplo, o noticiário Heute, da ZDF, contava ontem como em Dresden, no dia 7 de Outubro de 1989, aniversário da proclamação da RDA, decorre a première da ópera Fidelio, de Beethoven, com produção de Christine Mielitz. A acção decorre no pátio de uma prisão da Stasi. Um informador da Semperoper escreve um relatório onde avisa para o perigo de o público poder tirar conclusões. Christine Mielitz recebe uma convocação para se explicar. Questionada sobre as suas escolhas, faz-se de inocente e começa a descrever as cenas: "pátio de uma prisão, os prisioneiros passam a roupa a ferro..." - a censura deixa passar.
O filme, de 3 minutos, mostra sequências emocionantes: a polícia que cerca o teatro, o coro de prisioneiros que, contra a opressão e a violência, canta "Oh, liberdade, regressa para nós!", e depois, no dia seguinte, o momento em que pela primeira vez manifestantes, membros do partido único e polícias conseguem dialogar, enquanto dentro do teatro se canta "louvado seja este dia, louvada esta hora".
Para quem sabe alemão, o filme pode ser visto aqui: die Oper Fidelio als DDR-Regimekritik.
E, pelo que li neste site (de onde tirei as fotos aqui mostradas), vão repetir esta encenação no mesmo local em 2010 - 20, 23 e 25 de Abril: curiosa coincidência!
Parece-me que é um daqueles momentos a não perder - para quem visitar Dresden nessa altura.
***
Ao ver filmes como este, sinto uma certa vergonha do modo como os "Wessis" falam dos "Ossis".
Os preconceitos, os rancores e as piadinhas não fazem justiça à coragem de um povo que afrontou tal ditadura.
As coisas não estão a correr muito bem: vinte anos depois, um em cada oito alemães ocidentais queria ter o muro de novo, um em cada dez alemães orientais. A SED, agora em tons de Die Linke, volta ao palco político. Para as assembleias já foram eleitos deputados cujo passado como colaborador da Stasi não está muito bem esclarecido.
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