No aeroporto Sá Carneiro (quem se terá lembrado de dar a um aeroporto o nome de alguém que morreu num desastre de avião?!), quase deserto às seis da manhã, havia entre o controle do bilhete e o controle da bagagem três longos corredores formados por separadores móveis.
O casal de velhinhos à minha frente fez contas às desnecessárias voltas que teria de dar, e hesitou. Eu, não. Toda lampeira, soltei a fita do separador móvel para eles atalharem caminho.
Daí a nada estava o fiscal dos bilhetes a ralhar comigo, "Aqui só mexem os responsáveis de segurança do aeroporto!", disse com voz grossa. E eu "Tem razão, mas..." - e ia falar dos velhinhos, e perguntar por que razão nos obrigam a andar às voltas num labirinto artificial e de momento desnecessário porque há apenas meia dúzia de passageiros, mas ele atalhou-me: "Pois claro que tenho razão!"
E lá fui eu com a minha malinha: até ao fundo, e volta, e de novo até ao fundo, por corredores vazios.
Uma pessoa sujeita-se a estas coisas em nome de quê?
E que espécie de sadismo faz com que o pessoal do aeroporto obrigue os passageiros a fazerem esta figura de acéfalos submissos?
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