17 setembro 2009
"senhor Mutlos", diz o Spiegel online
No Spiegel online foi publicado um artigo demolidor sobre a reeleição do Durão Barroso.
A foto é proveniente do mesmo artigo. Dado que o texto está em alemão, segue-se uma síntese.
Sob o título "O senhor poltrão chegou à meta", traça-se um quadro desanimador: um chefe fraco, reduzido à dimensão de figura tragicómica. Poucos o apreciam, muitos são os que o criticam, e até os próprios aliados se riem dele.
Um erro de casting, inapropriado, inelegível. Falta de coragem e visão. Um camaleão.
Um presidente de formato reduzido, à medida dos interesses de Merkel e Sarkozy, cujo apoio não terá sido propriamente isento.
Cito: Como um professor faria com o aluno em risco de chumbar, Sarkozy deu em público instruções a Barroso para que, durante as férias de Verão, escrevesse um programa de trabalho mais ambicioso, caso queira conservar o lugar. O aluno, obediente, escreveu "ambições para os próximos cinco anos". Uma peça cheia de lugares comuns e banalidades - o que não incomodou Sarkozy. Não era o conteúdo que interessava, mas a demonstração de poder e submissão.
Angela Merkel será um pouco mais refinada. Conta-se um episódio em que, no fim de uma reunião na Chancelaria, alguém lhe terá dito que Barroso telefonou e pediu que ela lhe ligasse; ao que ela respondeu "diga-lhe que não telefone tanto", com um ar de "ai, que homem tão maçador!"
Segundo o mesmo artigo, o modo como Durão Barroso lutou para manter o lugar enervou de tal modo os aliados e os opositores que o seu nome inspira um manancial de anedotas nos circuitos da UE.
Contudo, do ponto de vista dos interesses da União Europeia, não há muito motivo para risos.
Aos "três grandes" (os governos em Paris, Londres e Berlim) convém ter em Bruxelas um homem fraco e apagado, que não lhes faça sombra. O "directório", como entretanto já são chamados por muitos em Bruxelas, está a chamar a si o poder de decisão. Caso seja necessário, podem ainda ir buscar um OK a Roma, Madrid e Varsóvia. Se não sempre, na maior parte das vezes.
E o Parlamento Europeu, que ainda vive na doce ilusão de ter aumentado o seu poder, não se dá conta de estar a aceitar imposições exteriores, tal como Barroso e a Comissão. A maioria dos parlamentares considera que Barroso é a escolha errada para este cargo. Mas, como dizia um experiente deputado da CDU alemã, "ninguém quer arriscar uma crise institucional", ou seja, um conflito com os governos.
Os esforços do Parlamento para evitar esta eleição foram coarctados pelos "boss", nas respectivas pátrias. Os deputados, tanto à direita como à esquerda, receberam ordens para não impedirem a reeleição de Durão Barroso. Tanto mais que os vários grupos da oposição foram incapazes de um entendimento para apresentar um candidato comum.
Em compensação, os governantes das grandes potências europeias foram muito bem capazes de se entender quanto aos próximos lugares a atribuir: o presidente permanente do Parlamento será também um conservador, enquanto o ministro europeu dos negócios estrangeiros será socialista. Postos que, obviamente, não chegarão a existir se o referendo irlandês, em Outubro, for mais uma vez negativo. Mas, nesse caso, ninguém sabe qual será o futuro da Europa.
(Post publicado também aqui)
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