02 julho 2009

o Eduardo Pitta que me perdoe...

...porque vou usar as suas palavras, neste momento em que está a passar por uma terrível aflição, para falar de outra coisa.

Diz ele: "(...)todos os amigos (e foram muitos) que ao longo do dia quiseram saber do estado do Jorge, meu companheiro há 37 anos."

Porque é que o Eduardo tem de dizer "meu companheiro há 37 anos"? Porque é que não pode dizer simplesmente "meu marido"?
Porque é que um "meu marido" vale tudo desde o primeiro dia, enquanto que um "meu companheiro" só ganha um pouco de respeitabilidade ao fim de várias décadas?

Porque é que não os deixam casar?

Talvez por causa deste tipo de argumentação:

"Deus me perdoe! Igualdade! como se um parvo fôsse igual a quem tem juizo, ou um cobarde a um valente, ou um traidor a um homem leal, ou um entrevado ou um doente, a um homem são e desembaraçado! Ninguém pode acreditar em tais coisas. Fingem que acreditam, estão de má fé, servem-se disto lá para os seus fins. Igualdade! Os mesmos direitos para todos ! Direitos de quê? De fazer poucas vergonhas e mais nada!"

(Isto é o André Bonirre numa das suas séries habituais de serviço público)

Amor nunca é pouca vergonha.
No momento em que um problema grave de saúde irrompe na vida de um casal, o grotesco desta moralidade fica ainda mais evidente.

***

Eduardo: estou confiantemente à espera do post em que nos diga que tudo correu bem, e que o pior já passou.


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