27 junho 2009
mundos
Ontem estive na "Casa das Culturas do Mundo" (também conhecida como "a ostra", perto do Reichstag) a ver a Companhia Nacional de Canto e Dança de Moçambique.
Entrei lá pensando que ia assistir a uma espécie de Lago dos Cisnes Negros - enfim, bailado clássico em corpos de pele escura. De modo algum estava preparada para aquela beleza de cor e energia. Nem para aquele público: com bebés e crianças, a atirar comentários para o palco, a rir e a conversar.
Também não estava preparada para a crueza da história que contavam. A parte em que o Homem Branco entra em cena e subjuga a alma africana, os aplausos do público quando os bailarinos dançam a decisão de combater o invasor, os aplausos quando este é derrubado.
O sistema escolar moçambicano deve ser muito fraquinho: ninguém lhes ensinou que os portugueses eram, de todos os povos, os mais amistosos e queridos por todos aqueles com quem contactaram e a quem levaram o desenvolvimento e progresso...
Atrás de mim, dois portugueses punham legendas no que via: "isto foi bonito", "lindo, sim senhor". E mais à frente, no início de um sketch que pretendia chamar a atenção para a importância do uso de preservativos, "olha para aquelas, estão com cio!"
"Estão com cio" - há quantos anos não ouvia esta maneira tão delicada de falar das mulheres.
Há um Portugal, confesso, do qual nunca sinto saudades.
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