Theseus, de Haendel.
Só visto, e por isso levam esta espécie de trailer.
O palco em lama. Lama, lama, lama. Indescritível.
Durante uns cinco minutos chove lá dentro, porque ligam o sistema de combate a incêndios. Aquilo que mais se teme num teatro (que um técnico fume um cigarrito e accione inadvertidamente o sistema de irrigação), é feito lá de propósito.
Num dos lados do palco tem um letreiro luminoso para textos. Em vez de mudarem o cenário, mudam a palavra: campo de batalha, deserto, ilha, palácio.
Jogam bastante com câmaras e projecção de imagem - tem momentos geniais.
É verdade que já se experimenta isto há vinte anos, mas, que querem?, eu sou como o interessado: sempre o último a saber. Vi ontem pela primeira vez numa ópera barroca, e fiquei fascinada.
Uma interpretação muito divertida da ópera.
Estranhamente, a música dá-se às mil maravilhas com a encenação.
No intervalo, rimos imenso a comentar os pormenores,
"e quando Clizia se separa de Arcane e lhe espeta na cabeça o quadro do calendário Pirelli?",
"e quando Medea se vinga e lhes mete em casa uma família de turcos?",
"ah, e o que eu me ri quando Arcano convida o público a cantar em karaoke a sua bela ária",
"eu comecei a cantar, mas como estava sozinho, preferi continuar calado!"
Em alemão existe uma palavra para descrever algo maçador. Langweilig.
Lang-weilig - algo como "demora muito tempo".
O seu contrário é kurzweilig.
Kurz = breve.
São três horas e meia, e passaram num instante.
Escusado será dizer que os cantores são excelentes, apesar de sujeitos a tratantadas terríveis.
Por exemplo: há um momento em que Theseus canta deitado (deitada) num sofá, com as pernas no encosto e a cabeça quase no chão. Vai uma pessoa estudar descansadamente canto lírico, e acaba no cirque du soleil...
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A Rita já me tinha dito que se tinha fartado de rir com a encenação do Neuenfels para a Flauta Mágica.
Tenho de estar mais atenta à Komische Oper de Berlim, parece-me que andei a perder belíssimos acontecimentos!
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Em compensação, parece que no sábado passado, na Gulbenkian, soltaram passarinhos azuis para a Criação de Haydn...
Vivam os efeitos especiais!
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