(Título roubado deste post do Senhor Barbeiro, por onde fiquei a saber que, pelos vistos, em Portugal continua a não acontecer nada de especial)
O mais provável é eu ter vivido demasiados anos no tempo do respeitinho, provavelmente é isso mesmo, ou então deram-me a beber chá em quantidades industriais, e eu nunca mais recuperei, sim, também pode ser, porque estive aqui a pensar com os meus botões e...
...imaginemos que o Presidente da República passava por Berlim, e calhava de me convidar para um jantar, e de me sentar à sua mesa. Imaginemos. Imaginemos que no fim do jantar, no momento de servir o café, entrava na sala alguém pertencente a uma, digamos, casta protocolar superior à minha. Sei lá, o Siza Vieira ou o Manoel de Oliveira, o Embaixador da China, o - como é que se diz? - Comandante nãoseiquê maior nãoseiquê das Forças Armadas, o Papa, o dono da empresa onde trabalho, ou até o Ministro da Economia.
Se eu visse essa pessoa à espera num canto da sala, algo - talvez o respeitinho, ou o trauma do chá - me obrigaria a oferecer imediatamente o meu lugar junto do Presidente.
Se não tivesse reparado nessa pessoa, e um empregado me viesse pedir para ceder o meu lugar, corava até à raíz dos cabelos - embaraçada por não ter reparado.
Para mim, é uma questão de ter noção do lugar que ocupo - nos vários sentidos da expressão.
Sim, é isso mesmo que estou a afirmar, e podem começar a bater: numa comitiva oficial, o lugar ao lado do Primeiro Ministro é muito mais que uma simples cadeira, e a regra de ocupação desse lugar não é first come first serve.
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Durante a visita do Presidente da República a Berlim tive várias oportunidades de apreciar a confusão em todo o seu esplendor. Desde uma vergonhosa falta de profissionalismo no modo de abordar (abordar? que digo eu? assaltar!) os políticos, passando por técnicos a fazerem uma barulheira tal que impedia as pessoas de ouvir e participar num debate importante, até jornalistas todos excitados a produzir não-notícias enquanto nem se davam conta do que corria realmente mal.
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