19 março 2009

o problema da SIDA em África não fica resolvido com a distribuição de preservativos

O problema exige outras soluções, muito mais complexas:

1.

(deste site, via Jardim de Luz)


Igreja e SIDA em África


Em 2004, a Santa Sé apresentou a Fundação “O Bom Samaritano”, uma espécie de Fundo Global da Igreja Católica que tem como objectivo ajudar economicamente os doentes mais necessitados, de modo particular os contagiados pelo HIV.

O esforço da Igreja Católica concentra-se na capacitação de profissionais da saúde, prevenção, cuidado, assistência e acompanhamento quer dos doentes quer dos seus familiares.


Dados do ONUSIDA mostram que mais de um quarto de todas as instituições ligadas ao tratamento dos doentes de SIDA são iniciativa da Igreja Católica, sobretudo nos países mais pobres.


Os religiosos e religiosas da Igreja Católica são responsáveis pelos cuidados e a assistência a 27% dos doentes de SIDA em todo o mundo, uma resposta que nem sempre é visível, obscurecida pela atenção quase exclusiva que se reservou à questão do preservativo.


Os institutos religiosos estão empenhados em várias frentes: tratamento médico, prevenção geral, prevenção da transmissão mãe-filho, cuidados dos órfãos e das famílias atingidas, assistência espiritual, educação sexual e, por fim a pesquisa, em especial para se encontrar uma vacina contra a doença.


A Igreja Católica está particularmente activa na África austral, onde a pandemia da SIDA alcançou a difusão de 30% na população entre 25 e 40 anos e onde houve uma queda da expectativa de vida de 60 para 35 anos.


Segundo a OMS, pelo menos 30% das infra-estruturas de saúde em África estão ligadas a instituições religiosas.


Um projecto: DREAM

A SIDA apresenta-se em África associada a outros problemas: a pobreza, a desnutrição, a tuberculose, a malária, o escasso nível de educação sanitária, só para citar alguns exemplos. Extirpar a infecção por HIV deste contexto, não é possível. É necessária uma maior admissão de responsabilidade: não só e não tanto em relação à doença, a SIDA, mas sobretudo, em relação ao sistema sanitário, o africano.


A luta contra a SIDA, nessa perspectiva, pode tornar-se no banco de prova de uma globalização mais responsável, mais humana, de um empenho em contracorrente em relação ao crescente desinteresse internacional para com a África.


A Comunidade católica de Santo Egídio entendeu responder elaborando e promovendo o programa DREAM (Drug Resource Enhancement against AIDS and Malnutrition), contra a SIDA e a desnutrição.


DREAM representa a realização de um sonho (significado da palavra em inglês), uma abordagem diferente à SIDA que unisse prevenção e terapia, uma abordagem diferente a todo o universo sanitário africano, sem as correntes do pessimismo e da resignação.


Este programa de luta contra o HIV/SIDA em África permitiu assistir mais de 25 mil pacientes, para além de ter oferecido tratamento preventivo a mais de 20 mil adultos e crianças.


Os 19 centros presentes em seis países africanos, incluindo Moçambique e a Guiné-Bissau oferecem antiretrovirais, educação sanitária, testes de diagnóstico, suplementos nutricionais e o controlo e cura de infecções.


Activo desde 2002, o DREAM (Drug Resource Enhancement against AIDS and Malnutrition) está também presente em no Quénia, na Tanzânia, na Nigéria, na Guiné e no Malawi. O programa, totalmente gratuito, revelou-se um dos programas mais eficazes na prevenção e tratamento do HIV/SIDA nos países da África subsaariana.


97% das crianças que nasceram de mães seropositivas que beneficiaram do programa nasceram sãs e, depois de terem iniciado a terapia antiretroviral completa proposta por DREAM, mais de 90% dos adultos vivem bem e estão em condições de recomeçarem a trabalhar e a sustentar a própria família.


800 crianças por dia

Salvar da SIDA 800 crianças por dia é o objectivo da última campanha global lançada pela Caritas, intitulada “HAART” (Highly Active Anti-Retroviral Therapy – terapia antiretroviral altamente activa), promovendo um maior acesso a testes e tratamento do HIV para os menores.


Com a campanha HAART (com um sonoridade semelhante à palavra coração - «heart» - em inglês), a organização católica para a solidariedade e a ajuda humanitária pede a governos e companhias farmacêuticas que desenvolvam tratamentos que podem salvar a vida de centenas de crianças, a cada dia que passa.



Em comunicado oficial, a Caritas recorda que as crianças nos países mais pobres não têm acesso a medicamentos pediátricos, que lhes poderiam permitir uma vida mais longa e saudável. Por outro lado, quando consegue ser testados, já é demasiado tarde, na maioria dos casos.



A organização católica lembra que muitas das crianças que morrem diariamente nem sequer teriam sido afectadas pelo HIV se as suas mães tivessem sido correctamente tratadas durante a gravidez.



A Caritas convida jovens de todo o mundo a unirem-se à campanha, pressionando os governos e companhias farmacêuticas.



Francesca Merico, delegada da “Caritas Internationalis” junto da ONU, em Genebra, diz que “sem tratamento adequado, mais de um terço das crianças nascidas com HIV irão morrer antes do seu primeiro aniversário e metade delas antes dos dois anos de idade”.



Esta responsável acusa as companhias farmacêuticas de não mostrarem interesse nos tratamentos antiretrovirais para crianças porque estes se destinam, sobretudo, “aos países pobres”.



“Como é possível que o lucro se sobreponha às pessoas? Queremos que os líderes políticos digam às crianças do mundo que promoveram e respeitaram o seu direito à saúde”, conclui Francesca Merico.


Internacional Octávio Carmo 17/03/2009 13:59 5467 Caracteres 292 Bento XVI - Angola e Camarões


2.

De um relatório da U.S. Agency for International Development, que pode ser lido aqui (link encontrado num comentário no Jugular), sobre as acções de combate à SIDA no Uganda :

(...)

6. Condom social marketing has played a key but evidently not the major role: Condom promotion was not an especially dominant element in Uganda’s earlier response to AIDS, certainly compared to several other countries in eastern and southern Africa. In Demographic Health Surveys, ever-use of condoms as reported by women increased from 1 percent in 1989, to 6 percent in 1995 and 16 percent in 2000. Male ever-use of condoms was 16 percent in 1995 and 40 percent in 2000. Nearly all of the decline in HIV incidence (and much of the decline in prevalence) had already occurred by 1995 and, furthermore, modeling suggests that very high levels of consistent condom use would be necessary to achieve significant reductions of prevalence in a generalized-level epidemic. Therefore, it seems unlikely that such levels of condom ever-use in Uganda (let alone consistent use, which was presumably much lower) could have played a major role in HIV reduction at the national level, in the earlier years. However, in more recent years, increased condom use has arguably contributed to the continuing decline in prevalence.
(...)

8. The most important determinant of the reduction in HIV incidence in Uganda appears to be a decrease in multiple sexual partnerships and networks: In general, Ugandans now have considerably fewer non-regular sex partners across all ages. Population-level sexual behavior, including the proportion of people reporting more than one sexual partner, in Kenya (1998), Zambia (1996), and Malawi (1996), for example, appear comparable to those reported in Uganda in 1988-89. In comparison with men in these countries, Ugandan males in 1995 were less likely to have ever had sex (in the 15-19-year-old range), more likely to be married and keep sex within the marriage, and less likely to have multiple partners, particularly if never married.

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