No sábado passado havia neve fresca e muito sol.
O Henry dava saltos na neve com as suas patinhas curtas de teckel. Aparecia de repente, e desaparecia de novo. Aparecia outra vez, sacudindo a neve no impulso do salto.
Feliz, feliz.
Uma vizinha aproximou-se, com o seu cão enorme, e o Henry - esse cachorrinho tão alegre e curioso - correu para eles, furando a neve como podia.
O cão abocanhou-o pelo cachaço, e sacudiu-o no ar com toda a violência.
Não foi possível salvá-lo. Ainda aguentou a viagem de regresso a Berlim - quereria despedir-se de todos os membros da família? -, ainda nos olhava com gratidão quando lhe acariciávamos levemente a cabeça e dizíamos "vais ver que melhoras", mas morreu ontem, desfeito por dentro.
Era o cão dos nossos vizinhos.
De manhã punha-se à coca, porque sabia que as portas se abrem ao mesmo tempo para largar as crianças para a escola. Mal a nossa porta se abria, corria célere, esgueirava-se por entre pernas e mochilas, e perdia-se na exploração da nossa casa. Feliz, feliz, fazendo de cada momento uma festa.
Tinha seis meses, era minúsculo, e tão bem sabia alegrar a vida de todos!
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