15 novembro 2008
import shop Berlin
Ontem andei a passear por esta feira de "produtos regionais no mercado global".
Estou muito satisfeita, porque poupei mais de três mil euros - que é mais ou menos o valor do que queria comprar e não comprei.
Encontra-se de tudo: desde ourivesaria moderna combinando peças antigas com elementos actuais, até aos cada vez mais inevitáveis chapéus de feltro feitos à mão. Passando pelos tapetes persas, as máscaras africanas, os tajines de barro onde se cozinham legumes sem água nem sal que ficam com um sabor incrível (só nesse poupei 40 euros! - mas tive de me controlar muito)
Saí da área wellness meio agoniada de tanto pesto e outros cremes de ervas que provei. Mais os azeites sicilianos, mais o óleo de argan marroquino...
Fui salva pelo stand de cadeiras ergonómicas - não se pode dizer que sejam bonitas, mas envolvem o corpo de tal maneira que uma pessoa parece ter voltado ao colo materno, e esquece tudo - até a indigestão.
Disse à Christina que quero uma cadeira de baloiço daquelas quando fizer 60 anos, mas ela respondeu: "não sei se ta podemos comprar - quando tu fizeres 60 anos eu posso estar a viver da Segurança Social".
Será que isto é realismo, será que é a famosa Angst dos alemães, ou será apenas humor à moda da mãe dela?
Encontrei um comerciante que vendia mantas de lã lindas, lindas, lindas, até pensei "porque é que em Portugal não se fazem coisas destas?", e aí vi o letreiro - era de Manteigas. Também tinha um stand com bordados de Guimarães, de óptima qualidade, e outros de artesanato urbano de muito bom gosto.
Os portugueses queixaram-se que é tudo demasiado caro, desde o aluguer do espaço até ao preço do café. Também, quem os mandou vir para Berlim sem me perguntarem primeiro quais são os truques para quem ganha em euros do sul?
Espero que no fim de semana as coisas melhorem para eles. Para já, boas notícias: está a chover. Pode ser que o pessoal decida ir à feira, já que não pode ir passear de bicicleta pelas florestas outonais.
O pavilhão africano é uma festa. Um passeio por África, uma delícia.
Mas só aparentemente. Contaram-me depois as condições em que as pessoas vêm para Berlim: têm de mandar a mercadoria por barco, dormem num canto do stand porque não têm dinheiro para o hotel, e acabam por regressar a casa com quase tudo o que trouxeram (pagando novamente o frete), porque há demasiada oferta muito igual.
A única esperança deles é que apareça algum comerciante berlinense que os queira como fornecedores.
...Sai uma pessoa toda descansada numa sexta-feira à tarde para ir a uma feira de artesanato, e cai sem querer no coração da miséria do nosso mundo.
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