Matança do porco.
A dona tratara com os homens que na aldeia fazem esse trabalho, para o virem matar e desfazer.
Às tantas, um deles pergunta:
- E o teu homem, não vem? Está a fazer falta!
- Não me faz falta nenhuma, só me estrova!, respondeu ela, desabrida e alegre.
Pausa. E depois acrescentou:
- E às vezes, quando estrova demais, leva uma de esguelha que se põe fino.
Já tiveram que os separar mais que uma vez.
Como no dia em que ela avançou para ele brandindo uma sachola, "meu desgraçado que te escancho a cabeça em dois!"
Às vezes não há ninguém para os separar, e ele acaba a explicar que aquilo foi de ter caído nas escadas, ou de ter tropeçado contra uma porta.
A pessoa que me contou não estava chocada com a violência, mas com a vergonha de ela se vangloriar assim perante outros homens da aldeia.
Isto é um país que eu não percebo.
***
O aeroporto de Barajas está cheio de cartazes contra a violência doméstica. Uma mulher com a frase "nem se te ocorra levantar a mão para mim", uma criança "mamã, tens de agir, para meu bem!" e um homem "bater numa mulher não é de homem".
Falta a fotografia do homem lá da minha aldeia "bater num homem não é feminino", e das filhas dele "papá, tens de agir, para nosso bem". E, já agora, do futuro genro, "ó homem, faça alguma coisa, que isto está a ser mau exemplo para a minha futura mulher".
***
E depois, juro que não sei como é que as minhas ideias deram este salto, há aquela anedota do homem que ao regressar com a mulher de uma festa vai a correr buscar um copo de água e uma aspirina.
Ela: Mas porquê? Não tenho dores de cabeça...
Ele: Aha! Hoje não tens desculpa!
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Mas espero que não aproveitem este post para argumentar que afinal o elo mais fraco de um casal não é a mulher.
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