A Natascha Kampusch tem agora um programa na televisão. Foi ontem a primeira emissão, uma entrevista ao Niki Lauda.
O filme que anda na net para publicitar o grande acontecimento é espantoso: como se não bastasse o seu ar de insegurança e a fragilidade na sua voz, passa imagens da cave em que ela viveu durante oito anos. Se era para ligar para sempre essa cave à imagem daquela pessoa, podiam ao menos tê-la arrumado antes de a filmar?
Tem vinte anos, e dão-lhe um programa na televisão. No seu currículo, o único facto que interessa é o de ter passado oito anos completamente à mercê de um tarado. Independentemente das pessoas que ela convidar para as entrevistas, o que nos interessa é a sombra do horror nela.
Neste mundo em que vale tudo, mais que nunca tenho de estar atenta à questão "e eu, quanto me valho?"
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Não é que "dantes" fosse melhor. Num mundo onde quase tudo estava predefinido, era necessário interrogar a obediência, onde hoje se interroga a liberdade.
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