Agora que voltamos a ouvir com frequência o hino nacional, seria boa ideia aproveitar para fazer um brain storming e mudar algumas coisas.
Gosto da primeira parte. Até aos "egrégios avós que hão-de levar-te" vai tudo bem.
"Levar-te à vitória" também é aceitável, sobretudo tendo em conta que o hino é muito usado antes dos jogos de futebol.
É um caso de sentido de oportunidade, passa.
Mas o resto, santa sapiência, tem de ser mudado.
(Já contei isso aqui na altura do mundial de futebol: ensinámos aos miúdos a letra do hino alemão; depois, quando lhes ia ensinar o português, cheguei à parte das armas e eles perguntaram: "tu estás a gozar, não estás?!")
"Às armas, às armas, sobre a terra e sobre o mar" agora, com os submarinos do Paulo Portas, deve passar a ser: "sobre a terra e sob o mar".
E aquele fim, em jeito de coda, "contra os canhões marchar marchar", é ultrapassado. Que canhões? Há que anos que já não se usam canhões! E quem é que hoje em dia se sujeita a marchar contra canhões? Isso era no tempo das invasões francesas, a táctica da guerra entretanto já mudou um bocado.
A não ser que se trate outra vez de linguagem codificada do futebol, mas, convenhamos, nem tudo pode ser futebol no nosso hino.
E não me digam que os franceses assim e assado. Depois podemos tratar do hino francês, mas de momento o que me preocupa é o nosso.
Assim, aqui abro oficialmente um concurso para melhorar os últimos versos do nosso hino.
As minhas propostas:
1. Roubada a Fernando Pessoa:
(...)
que hão-de levar-te à vitória.
Dê sopro, ou ânsia
que-a chama do-esforço remoça,
de novo lutemos
pra conquistar a Distância--
do mar ou ooooou-tra, mas nossa!
2. Ou então, à maneira de Sophia:
(...)
que hão-de levar-te à vitória.
Este é o dia
que nasce das nossas mãos
solenes, atentas
à melhor luz dos avós.
Porque o futuro somos nós.
3. Quer dizer, se é mesmo de Sophia que estou a falar...
(...)
que hão-de levar-te à pureza.
Este é o dia
que nasce das nossas mãos
solenes, atentas
plenas de luz e beleza.
No nosso mar sôfregas naus.
***
Foi má ideia tê-los deixado morrer sem lhes encomendar um novo texto para o hino.
Agora vamos ter de nos desenrascar sozinhos.
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