O meu filho anda desesperado para encontrar aqui em Berlim uma loja que venda bandeiras de Portugal (agradeço imenso a quem me souber indicar uma).
Ele acha que Portugal vai ganhar o campeonato, que está com uma equipa formidável e tal, e precisa de uma bandeira para pôr na bicicleta.
Sendo filho de um alemão e de uma portuguesa, está registado apenas como alemão, porque nós não nos demos ao trabalho de tirar um dia de férias (ambos os dois) e fazer 200 km para lhe dar a nacionalidade portuguesa até fazer 18 anos. Passam tão depressa...
De modo que esta fixação na bandeira portuguesa só pode ser uma manifestação incontrolável da raça.
Sim: é a raça!!!
O presidente Cavaco Silva é que sabe.
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Agora num registo mais sério: o facto de não precisar de ir ao meu Consulado é significativo do novo tempo em que vivemos. Que seria de nós numa Europa menos Europa? Prefiro assim: não me preocupar muito com a nacionalidade que dou aos meus filhos. Não ter de perder tempo (ou até pedir visto) para atravessar uma fronteira. Não ter de levar quatro bolsas com moedas diferentes para fazer os 2000 km entre a Alemanha e Portugal. Poder partir do princípio que as farturas vendidas na Senhora da Agonia não me farão mais mal que os churros vendidos no mercado do Winterfeldplatz no coração de Berlim.
Viva a Europa!
E também: viva Portugal!
E vivam os portugueses! Que sejamos todos capazes de reinventar o nosso país, conscientes de que o seu futuro é tarefa e responsabilidade nossa.
E que a tanto nos ajude o engenho e arte.
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