15 abril 2008

da mesa para o tanque

No Verão da minha infância, quando passava temporadas na aldeia da minha avó, gostava de ir para o tanque público dar uns mergulhos com a miudagem que vivia pelas vizinhanças.
Era uma festa: as mulheres ao longo do tanque, às vezes uma dúzia delas, os braços vigorosos a esfregar a roupa com sabão, a batê-la na pedra, e a aproveitar a companhia das outras para lavar toda a roupa suja da aldeia, em alegre algazarra.
Belas tardes.

Mas uma pessoa cresce e amadurece, e dá-se conta que não faz muito sentido andar a chafurdar na porcaria alheia.

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Contou-me uma amiga que lhe deram uma mesa antiga, que tinha pertencido ao seu bisavô, um historiador famoso.
Deram-lha, com estes votos: "que a esta mesa se mantenha o nível a que ela está habituada".

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Tenho um grande orgulho na caixa de comentários deste blogue. Tem sido, ao longo de mais de quatro anos, a minha "mesa do historiador" - o local onde acontecem conversas com muita qualidade.
Contudo, ultimamente têm aparecido uns comentários a puxar para o tanque.

Por esse motivo, os comentários passaram a ser moderados.

Que me desculpem os amigos.

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