O filme "The day after tomorrow" começa com um avião apanhado num temporal, e os passageiros quase morrem de medo.
Aconteceu na terça-feira passada, num avião de Toulouse para Paris: o avião aos saltos descontrolados no ar, os passageiros a morrer de medo, metade das pessoas a vomitar descontroladamente, várias pocinhas de vómito pelo chão, prenúncios (muito malcheirosos) do fim do mundo pelas cadeiras e pelas paredes do avião.
O boletim meteorológico avisava a continuação do temporal para o dia seguinte, quando o Joachim tinha de voar de Paris para Berlim.
Passei o dia de ontem a pesar a diferença entre pânico e prudência, e se lhe devia telefonar a sugerir que viesse de comboio. Se lhe salvava a vida ou o cobria de ridículo...
Será que já só falta um dia para o "after tomorrow"?
Ou continuamos a acreditar que isso é só com os outros e a nós não vai acontecer nada?
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Falámos recentemente com um engenheiro holandês especialista em túneis submarinos, que nos contou que as margens de segurança da engenharia têm de ser aumentadas radicalmente, porque as construções estão sujeitas a elementos cada vez mais agressivos. Se caíram elementos das fachadas dos edifícios quando o furacão Cyrill passou pela Europa central, isso não se deveu a mau cálculo dos engenheiros, ou a poupanças nos materiais, mas a uma desadequação das margens tradicionalmente utilizadas nos cálculos à nova realidade das alterações climáticas.
Perguntei-lhe se não temem pela Holanda, e ele disse que não. Vão construir diques mais altos - muito menos bonitos, mas paciência.
Agora começo a perceber melhor como é que se fazem as contas do custo do aquecimento climático: reforçar todas as fachadas e pontes, aumentar o volume dos diques. Por exemplo.
Volta, Keynes, até vais babar de entusiasmo.
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