No dia 17 de Setembro decidimos mudar imediatamente para Berlim, em vez de esperar até Fevereiro ou mesmo mais tarde.
Em menos de uma semana arranjámos casa, e passámos à fase de arranjar escolas, comprar a cozinha, mandar pintar a casa, e todas essas complicações que uma mudança implica.
Exactamente um mês mais tarde, no dia 17 de Outubro, tinha três camiões à porta, para carregar as centenas de caixas que nos entretantos fomos enchendo.
Sobrevivemos.
Sobreviveu também o piano que, num momento em que os homens me apanharam distraída a comprar café para eles, foi içado para o quarto andar (17 metros de altura, disseram) no elevador que tinham encostado à fachada do prédio. Ainda bem que não vi.
Também sobrevivemos a uma semana sem cozinha, e o sector da restauração nesta zona de Berlim viveu uma pequena fase de euforia económica.
Resumindo: estou a pensar montar uma empresa, "Helena & Cª., mudanças relâmpago".
A primeira coisa que me fascinou na casa nova foi a localização. Desço à rua, e encontro tudo. Desde uma loja com artigos para gatos, até aos guarda-costas do Klaus Wowereit, o Presidente da Câmara de Berlim, que mora aqui ao lado. É só gatos...
A zona do Ku'damm onde estão as lojas tipo "é só para ver, não se põe a mão" começa a dois blocos daqui, as padarias e o supermercado são mesmo ao pé da porta. E os restaurantes: A de Argentina, B de Brasil e de Baviera, C de China,... T de Transilvânia, etc.
Sem andar mais de 300 metros, podemos dar uma volta gastronómica ao mundo.
A cidade fervilha de ideias, criatividade e espírito de iniciativa. Dá a sensação de ter espaço para todos.
Todo um mundo para descobrir e explorar. Por que ponta começo?
No dia de Santa Filarmónica da porta aberta, foi um festim: concertos em todas as salas, desde Sir Simon Rattle no espaço nobre até uma "musique de table" (estilo Stomp) numa salinha de ensaios. Vou ver se treino esta "musique de table" com os miúdos para mostrar no Verão aos meta-amigos.
Uma boa surpresa foi a nossa paróquia. Servida por franciscanos, parece ser um lugar em que a Fé e o mundo se questionam mutuamente. Que diferença em relação à Igreja de diáspora e resistência que era a nossa em Weimar!
Os miúdos estão a adaptar-se.
O Matthias optou por se integrar na turma pela via do futebol. Apesar das dificuldades com a matéria, nos intervalos corre a toda a velocidade para um meeting importante com os outros futebolistas no recreio.
E vai de bicicleta para a escola. São uns 8 km de ruas berlinenses, um susto. Mas é a tal coisa: a gente não pode criar os filhos debaixo da cama, para os ter protegidos contra todos os riscos.
A Christina oscila entre gostar imenso da escola e sofrer por não estar ainda bem integrada na turma (parece que não jogam futebol). Está num liceu que nos foi muito recomendado: privado, católico - mas suspeito que não seja muito politicamente correcto assumir isto publicamente num blogue... "O tempo'a, o mo'es" como diria o pirata no Asterix.
E eu cá vou lutando contra as minhas caixas. De momento, estão elas a ganhar.
Mas foi porque se aliaram a uma gripe de dez dias.
Isto vai, há-de ir.
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