Fomos a Berlim procurar escolas para os miúdos.
Começámos por fazer o circuito dos liceus que têm aulas em inglês.
No primeiro, deixaram a Christina assistir a uma aula. Saiu com cara de enterro: "se achas que a minha turma em Weimar é indisciplinada, tinhas de ver estes!"
No segundo, exigiam que a Christina falasse inglês como se fosse a sua língua materna. E é, mas a um nível linguístico de 8 ou 9 anos de idade. Num instante nos apercebemos que seria demasiado puxado para ela.
Passámos para o circuito dos liceus com aulas em francês. A Christina queria muito conhecer um sobre o qual ouvira dizer que tinha um ambiente formidável.
Pois lá fomos, pois lá a deixaram assistir a uma aula (outra vez com uma turma muito animada), e o director - para sempre seja louvado - teve a honestidade de me revelar que o ambiente é bastante bom, mas que a perfeição não existe.
Zimbas - inscrevemos a Christina num liceu católico. Lá, ao menos, ainda há quem acredite no paraíso.
***
O Matthias tinha uma situação ainda mais complicada: já está no liceu (6º ano de escolaridade) mas em Berlim a escola primária vai até ao 6º ano. Ele teria de voltar para a escola primária, e mudar de novo no fim deste ano lectivo. Nem pensar, disse ele.
Há alguns liceus que começam já no 5º ano, mas muitos deles começam com latim, que ele não quer.
Encontrámos uma escola que nos parece boa, e ele passou uma manhã na turma que será a dele.
No final, a professora perguntou-lhe o que é que achou, e ele respondeu que os alunos são demasiado agitados. Ela concordou, acrescentando que é um fenómeno novo a tomar proporções cada vez maiores.
Parece lógico: a vida numa grande cidade torna as pessoas imóveis. São levadas de um lado para o outro, não vão pelo seu pé. O que é que os miúdos podem fazer a toda a energia acumulada?
A ver se arranjo um bom percurso para o Matthias ir de bicicleta para a escola, a ver se ele não fica agitado como os outros. E não lhe devo dar a chave do elevador. Ele que suba as escadas, são só 4 andares.
Aliás: ele, e nós todos.
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