Quando viemos morar para Weimar, encontrámos um apartamento óptimo de rés-do-chão, com saída directa para o jardim e divisões muito espaçosas. Tudo lindo, e para mais em frente à casa da irmã do Rainer-Maria Rilke.
Soube depois que a casa onde eu vivia tinha pertencido a uma família de judeus. Confesso que é uma situação desconfortável: habitar os salões que alguém construiu para ser feliz, e não foi, porque teve de fugir à pressa.
Passados alguns anos fomos morar para uma casa com uma bela vista sobre Weimar.
Soube esta semana que foi construída para um músico judeu bastante conhecido. Vinte anos mais tarde, estava na mão de um talhante ligado à SS, que tinha com o comandante de Buchenwald negócios ilícitos. Foram enforcados os dois (pela SS, ainda antes do fim da guerra). Não sei o que aconteceu à família do músico judeu.
E agora encontrámos em Berlim um apartamento óptimo, mesmo ao lado de uma sinagoga que foi incendiada no pogrom de 1938, e deixou de existir.
Para onde quer que me vire, neste país, dou com vestígios mudos dos judeus, e da sua ausência.
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