08 maio 2007

aimeudeus

Viver em cidades pequenas tem destas coisas: mais cedo ou mais tarde temos acesso àqueles dez minutos de glória na nossa vida, e os meus vão ser sessenta, e é já amanhã: entrevista na Radio Lotte, a rádio mais exclusiva que conheço (ouvida por meia dúzia de Weimarenses, é tudo), para apresentar o meu país.

Já sei que me vão perguntar sobre o 25 de Abril, e que não preciso de levar música - excepto o Grândola, que eles não conheciam.

Mas - e as outras perguntas?

O problema é que "o meu país" é das coisas mais subjectivas que conheço, e me arrisco a ser ouvida por outros portugueses (sim! o diabo tece-as!) que terão histórias e opiniões completamente diferentes.

E depois, se me fizerem perguntas sobre o fado? Sobre a Mísia? Eu sei lá o que penso da Mísia!

Acabarei por ter de explicar que o meu Portugal é como a RDA deles: parou em 1989, quando vim viver para a Alemanha.

Então é assim: quem quiser mandar algumas informações importantes ou algum recado para eu dizer amanhã na rádio, fale agora ou cale-se para sempre. Quem quiser receber beijinhos radiofónicos, idem.

E agradeço, do fundo do meu novo coração mediático, a quem responder às seguintes questões:
- Na noite de 24 de Abril havia nas rádios simpatizantes do MFA, ou as estações foram invadidas e tocaram o que os militares mandaram tocar?
- Qual era a dimensão estatística do terror? Quantos prisioneiros foram levados para o Tarrafal, quantos presos políticos havia em Abril de 74?
- Onde é que você estava quando soube que o 25 de Abril estava a acontecer?
(é para escolher a melhor história, porque a minha é, enfim, como direi... quando me disseram que Lisboa estava cercada, imaginei os tanques virados para o castelo de S. Jorge - é o que dá o 25 de Abril ter calhado na aula de História, onde estávamos a falar da Reconquista)

Sem comentários: