04 dezembro 2006

o outro Christkindlesmarkt de Nürnberg

Pois lá fomos visitar o Christkindlesmarkt, pois lá nos fomos arrastando lentamente por entre os muitos stands de kitsch de Natal e salsichas de Nuremberga, velas decorativas, brinquedos de madeira, miniaturas para casinhas de bonecas, brinquedos de lata, mais salsichas e mais kitsch de Natal. Depois de muitos tropeções e empurrões, e também alguns "aaaah, olha aquilo" e "ohhhh, que bonito", descobrimos que na praça ao lado havia uma outra feira de Natal, com stands das cidades geminadas. Uns vinte, desde Shenzhen na China até Gera, que é nossa cidade vizinha.
Com muito mais espaço e muito menos público (sobretudo nada daqueles japoneses e americanos que se fotografam nas paisagens da Europa, de toda a Europa, em circuitos de 3 dias), foi um prazer passear por ali e observar as diferenças entre os países.

A cidade chinesa, por exemplo, estava a vender pérolas autênticas baratíssimas, e pentes de ossos de boi - muito gostava eu de saber que formidáveis bois serão esses, que dão pentes tão grandes e tão transparentes, tão parecidos com plástico.
(Pequena nota anti-globalização: mas dá para acreditar em parceiros comerciais que mentem com quantos dentes têm e não têm na boca?!)
Atlanta, por sua vez, tinha um stand vergonhoso. Pior apresentação de produtos, nem no Lidl: uma incrível profusão de produtos açucarados, arrumados nas prateleiras sem o menor cuidado.
Em compensação, Verona expunha sobre um simples pano de serapilheira 3 presépios de Natal em barro, sóbrios mas ricos de pormenor, e vendia queijos e enchidos. Veneza vendia as belíssimas máscaras, bem como enchidos e queijos - com a vantagem acrescida de um prato com bocadinhos para provar. Hmmmm.
Nice vendia tecidos provençais e produtos campestres.
Glasgow tinha imensas gravatas em xadrez e caixas "McCondom" com sabor a uísque. Uns brincalhões.
Charkiw, a cidade ucraniana, oferecia uma bela colecção de matrioskas - umas com o colorido habitual, outras em dourado, ou ainda com reprodução de ícones e até, pasme-se, com o retrato do Putin. Por uns momentos imaginei o que aconteceria se começasse a tirar um Putin de dentro de outro Putin, e mais outro e mais outro. No fim, chegaria a um grão de polónio e uma voz cavernosa que riria "ha, apanhei-te!", ou a um minúsculo dragão de palha?

Depois bebemos o tradicional Glühwein, comprámos Elisen-Lebkuchen Schmidt (Bruch, que o meu marido é suábio(*) ), e voltámos para casa.

Cá para nós, que ninguém de Nuremberga nos ouve: a feira de Natal de Weimar é muito mais agradável, porque é espalhada por todo o centro da cidade.
E a de Erfurt, essa, é um espanto de espaço e cenário:

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À procura de fotografias de Erfurt, em particular da Krämerbrücke de Erfurt, que é uma ponte medieval com casas, a mais longa do mundo, encontrei este site com imagens da Turíngia. Asseguro que aqui é mesmo assim, ou até mais bonito.


(*) Pequeno glossário:
Suábios: habitantes da Suábia, região com capital em Estugarda, que têm fama de ser poupados, ou, dirão eles, optimizar os seus recursos monetários.
Elisen-Lebkuchen: espécie de bolacha grande, feita com amêndoas e especiarias, típica do Natal.
Schmidt: o mais famoso produtor de Lebkuchen de Nuremberga.
Bruch: as bolachas que saem da produção com algum defeito (cobertura estalada, por exemplo) e que têm o mesmo sabor mas são mais baratas.

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