29 setembro 2006

teorias

Para que não seja este o único blogue de Portugal que não refere a entrevista que a Fernanda Câncio fez ao Pedro Arroja há mais de 10 anos, aqui vai uma história que me contaram ainda o Pedro Arroja andava pelas Américas a aprender a aplicar ovos de Colombo a quadraturas do círculo:

Naquele tempo (há cerca de vinte anos), as tinturarias do Vale do Ave tinham problemas graves com a qualidade da água. Eram obrigadas a combinar entre si que cores iam tingir em cada dia, para que a água suja com a cor das tinturarias a montante não estragasse o trabalho das tinturarias a juzante. E, devido à poluição, foram obrigadas a fazer uma estação de tratamento das águas antes de a usarem. Antes, hihihi. À entrada, hihihi.
A água do rio entrava suja, era limpa, usada, e saía suja.
Isto era necessário para todas as tinturarias, excepto a primeira.

Contaram-me como facto, não como anedota. Bem: se non è vero, è ben trovato.

Haverá melhor imagem para ilustrar o resultado de confiar na inteligência dos agentes económicos individuais?
O primeiro espertinho enriquece; os outros seguem-lhe o exemplo com resultados menos satisfatórios; e quem vier atrás que feche a porta.

O mais engraçado é que, se houvesse um Estado a obrigar as empresas a limpar o que sujam, o único que perdia era o primeiro tintureiro, que teria de criar também uma estação de tratamento das águas. Para os outros, o custo era o mesmo. Com uma diferença: a estação estaria à saída, e não à entrada da água.
E outra diferença: a água do rio estaria limpa.

Lembram-se como era o rio Ave há vinte anos? Havia zonas em que os peixes saltavam para terra porque não aguentavam o estado da água.
(Espero que tenha melhorado!)

***

O Reno também esteve assim. Até se dizia que o que a indústria alemã fazia com esse rio era violação de um morto.
O chato do estado alemão meteu-se a regular e a castigar duramente os infractores, e, milagre, no Reno já há outra vez salmões e praias fluviais.

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