08 setembro 2006

Peter zahlt

Aviso aos residentes na Alemanha, ou aos residentes noutros países que queiram telefonar para a Alemanha: há um novo serviço na internet para telefonar gratuitamente para metade do mundo (Portugal e EUA incluídos), chamado Peter Zahlt (Peter paga).
Clica-se em Peter Zahlt, escreve-se o número de telefone alemão, com indicativo, depois escolhe-se o indicativo do outro país e escreve-se o número de telefone com indicativo também. O Peter paga o telefonema (até 30 minutos).
Única condição: é preciso deixar a janela do site aberta durante o período da chamada.
Único problema: embora tenha começado há apenas um mês, já imensa gente usa o serviço. A determinadas horas é difícil conseguir linha. Claro que estão a trabalhar nisso, para aumentar a capacidade.

Peter, esse filantropo, é um dos chefes da empresa GoYellow, uma espécie de páginas amarelas internéticas em que cada registado pode fazer links para os seus sites, o que permite aos potenciais clientes uma prospecção do sector muito mais alargada que nas páginas amarelas normais.
O responsável pelo produto é um amigo nosso (estou até em crer que Portugal foi incluído na lista do Peter Zahlt devido a tãtãtãtãããã, presunção e água benta). É das poucas pessoas que conheço que anda permanentemente feliz e entusiasmado com o que faz, e bem o compreendo: este tipo de produto destina-se a uma clientela mais jovem, ágil e criativa, de modo que a sua concepção passa por muita gargalhada. Haverá algo melhor, na vida profissional, que um trabalho muito sério feito a rir?

Há dois anos inventaram um serviço de informações de números de telefone com um programa de reconhecimento de voz. Telefonava-se para esse número, uma gravação atendia e perguntava se queríamos o número de uma empresa ou de um particular, depois perguntava o nome e a cidade, e daí a nada dizia o número desejado. O mais engraçado é que tinham contratado um imitador de vozes para fazer esta gravação. O meu preferido era o Schröder, com o seu dialecto e os seus tiques, a dizer para a mulher: "Doris, vê-me aí esse número".

E há mais: fizeram um contrato com a Endoxon para incluir a localização baseada em fotos aéreas (foi a altura em que o nosso amigo andava pelo escritório com cara de nirvana), aproveitaram esses mapas para indicar os focos de gripe das aves na Alemanha ou, durante o mundial, para informar onde havia ecrãs gigantes para transmissão dos jogos.
E depois, quando queremos ir àquele restaurante italiano que fica na esquina da Biblioteca, como é que se chamava?, e não sabemos se está aberto: abrimos o mapa de Weimar, clicamos no botão dos restaurantes para os situar no mapa da cidade, e num instante descobrimos o tal que procurávamos, abrimos o site deles para ver o menu do dia, clicamos no número de telefone para marcar a mesa. O Peter paga o telefonema, claro. A conta do restaurante, para já, pagamos nós.

***

Ah, boa ideia, vou já telefonar (via Peter zahlt) ao nosso amigo: seria um bom gag de marketing se o Peter volta e meia oferecesse o almoço a quem tenha reservado o restaurante via GoYellow. Se já tem fama de filantropo...

(É só para provocar os neo-liberais, que acham que não há almoços grátis. Hehehe.)

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