11 março 2008
falemos, pois, da escola (5)
Na Alemanha tem-se falado muito de um documentário, realizado por Reinhard Kahl, sobre novas perspectivas para a escola.
Aqui vai o vídeo de apresentação desse trabalho, e a respectiva tradução.
Se eu conhecesse alguém no Ministério da Educação ou, sei lá, na RTP2, aconselharia vivamente a compra e a tradução deste material, porque me parece que é muito valioso para o debate público sobre este tema em Portugal.
Tradução (para acompanhar o filme):
A escola alemã tem-se especializado mais no acto de ensinar que no de aprender.
Pouco se fala da aprendizagem como uma alegria antecipada das crianças em relação às suas próprias capacidades.
Consequentemente, em poucos anos os alunos começam a ir para a escola como quem vai ao dentista.
A melhor notícia do dia é quando a escola fecha devido a excesso de calor.
Prof. Dr. Manfred Spitzer, da Universidade de Ulm:
"Quem aprende com medo, aprende também o medo - o que é uma estupidez"
Ainda assim, esta escola, que incute esperança com promessas para um futuro distante, ajudou a economia alemã a conquistar sucesso mundial - foi a grande coligação da época industrial. Na passagem para a sociedade do conhecimento, o trabalho repetitivo é delegado para as máquinas, e as empresas são obrigadas a transformar-se em organizações que aprendem.
As pessoas têm de trazer as suas próprias ideias, a criatividade não se deixa adaptar, surgem novas alianças.
Jürgen Kluge, da empresa McKinsey:
"Talvez as escolas devam ser o modelo que é depois levado para o mundo do trabalho; em todo o caso, isso seria mais adequado ao percurso de desenvolvimento humano."
A escola tem de provocar a curiosidade sobre o mundo, oferecer alimento para o interesse dos alunos; tem de tornar os alunos sedentos, em vez de saturados.
Ulrike Kegler, da Escola "unificada" Montessori em Potsdam:
"Os alunos não devem ser humilhados, isto é muito importante. Aprender isto, como professor, é já um passo muito importante, porque nós temos muito poder, e podemos facilmente humilhar um aluno sem que haja consequências negativas para nós.
Antes de mais, temos de criar um ambiente de aprendizagem baseado no respeito - caso contrário, os alunos não têm condições para aprender."
As escolas têm de ser locais empolgantes.
O interesse das crianças e dos jovens em relação a si próprios, este impulso para aprender, não podem ser travados.
Aprender está muito mais relacionado com investigação que as aulas tradicionais.
Prof. Dr. Hartmut von Hentig:
"Na escola a tempo inteiro temos uma outra escola: com melhores condições de corresponder às responsabilidades que actualmente lhe são exigidas."
Também na Alemanha está a ganhar força a ideia de que as escolas têm de ser estufas do futuro.
O espaço e o tempo são reformulados.
O espaço é o terceiro pedagogo, a seguir ao professor e aos outros alunos.
E o tempo ao qual se deu um ritmo é o quarto pedagogo.
A escola na Alemanha costuma apostar apenas num só pedagogo, o professor, sobrecarregado e frágil.
Na nova escola há, a par da sala de aulas, nichos onde o que é próprio e especial de cada aluno se pode desenvolver. Com a possibilidade de individualização cresce o impulso para a cooperação.
Autonomia e colaboração são o yin e yang da nova escola.
A escola só resulta se houver uma adequada combinação entre concentração e descontracção - porque ambas são tão importantes.
Aprender significa também conhecer-se a si próprio, encontrar o equilíbrio, afinar-se a si próprio como se afina um instrumento de música.
Alfred Hinz, da Bodensee-Schule:
"Na nossa escola, o dia ganhou uma estrutura nítida, o que é, segundo me parece, muito importante. Livrámo-nos daquela terrível matriz de 45 minutos. Isso é naturalmente mais fácil de conseguir numa escola a tempo inteiro que numa escola a meio dia."
As fundações da escola alemã têm de ser renovadas.
As fundações do edifício e da pedagogia.
A reforma já começou.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário