Depois de longa ausência, voltei ao Largo. O tema desta semana é "dança", e "dança" lembra-me muitas vezes um poema de Santo Agostinho, que termina mais ou menos assim:
Oh, gentes,
aprendei a dançar!
Caso contrário
no céu os anjos
não saberão
o que fazer convosco.
Obrigada, Santo Agostinho, pela imagem tão feliz para uma ideia da Eternidade: dançar com os anjos!
Mais ainda: dançar como preparação para a Eternidade é uma bela maneira de atravessar a vida. Porque, como diz o poema,
(e desde já peço desculpa pela tradução a partir de uma versão alemã)
Eu louvo a dança
que tudo exige e estimula
saúde, mente clara,
uma alma leve.
Dança é transformação
do espaço, do tempo, do ser humano
sempre em risco de se fragmentar:
cérebro só, ou vontade, ou emoção.
A dança, contudo,
chama o ser inteiro
ancorado no seu centro.
Esse que não está possuído
pelo desejo de seres e coisas
e pelos demónios
da solidão interior.
A dança pede o homem livre
vibrando no equilíbrio
de todas as forças.
Eu louvo a dança.
Oh, gentes,
aprendei a dançar!
Caso contrário
no céu os anjos
não saberão
o que fazer convosco.
E agora que falei da vida e do seu depois, acrescento também uma imagem dilacerante de luto que não me sai da cabeça desde que comecei a pensar no que gostaria de escrever sobre o tema "dança":
Eis o homem que se despede da sua amada, dançando de mão dada com a sua ausência.
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