02 outubro 2025

*alma minha*


"Alma minha" era aquele início de soneto que, na escola, nos fazia rir o riso parvo dos adolescentes. Ah, maminha...

É muito triste ser um adolescente de riso parvo. Porque o "ah maminha" estorva a beleza do soneto, e leva-nos para os antípodas do ambiente para conversar sobre afectividade na sala de aula.

Alma minha - como disse? Nem a alma que me habita é minha (quando muito, sou eu dela, vamo-nos fazendo juntas), quanto mais a alma de outra pessoa! Meu é aquilo de mim que ofereço ao outro, mas não quem se oferece a mim.

"Amor meu" era uma possibilidade. O amor que sinto em mim e me faz ajustar a bússola na direcção daquela alma.

(Mas: amigos como sempre, ó Camões. Não se pode acertar em todos os versos.)


---- "Alma minha" era o tema da semana passada no Largo. Mas meteu-se uma coisa e outra... A ver se acerto melhor o passo com as companheiras: A Curva 
A Gata Christie
Boas Intenções
Gralha dixit 
O blog azul turquesa 
Quinta da Cruz de Pedra

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