Num país com tantos imigrantes, é óbvio que mais cedo ou mais tarde algum dos seus filhos, de pele mais trigueira ou de olhos mais amendoados, havia de fazer soar o hino nacional português em eventos de alcance mundial. O que só é trágico para o pessoal que confunde nacionais com animais, e atribui aos nacionais uma raça e um pedigree: E ainda mais trágico para um primeiro-ministro que teve a triste ideia de iniciar uma série "raça lusitana e garra portuguesa" para louvar os atletas nacionais que conquistam vitórias no palco internacional.
Ao ver que Montenegro interrompe a série quando chega a Isaac Nader, nem sei bem porquê vem-me à lembrança o episódio dos nazis com Jesse Owens nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936. Como é possível que alguém que não tem a "raça ariana e a garra alemã" conquiste tantas medalhas de ouro?
Não me entendam mal: Montenegro está sinceramente satisfeito com a vitória de Isaac Nader. E nem lhe leva a mal ele ter passado à frente dos atletas de "raça lusitana", deixando a fama da "garra portuguesa" nas ruas da amargura...
Foi pena Montenegro ter interrompido aquela série. Seria uma grande honra para os portugueses se a garra de Isaac Nader fosse a nova bitola da expressão "garra portuguesa"!
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