03 junho 2025

se andam com falta de sorrir, venham!

 



Sabem aquilo de chegar Novembro e eu ter pena de todos os portugueses que não estão em Berlim para poderem ver bom cinema português nos Portuguese Cinema Days in Berlin?

Pois bem: quando Maomé não vai à montanha...

No próximo sábado, em Lisboa, há uma sessão de homenagem a Maria Teresa Horta, que inclui o revolucionário filme de António de Macedo, Verão Coincidente (1963), baseado num poema da escritora, e O Que Podem as Palavras (2022), o documentário sobre as autoras das Novas Cartas Portuguesas que encantou o público berlinense quando passou aqui, em Novembro de 2024.

Já conto o resto do programa, mas deixem-me parar um pouco mais neste documentário: demorou dez anos a ser concluído, e, enquanto avançava e não avançava, as escritoras morreram. Ficou apenas Maria Teresa Horta, e as entrevistas preparatórias que nem tinham sido feitas para entrar realmente no filme. O resultado é um milagre: um relato a três vozes que encaixam perfeitamente umas nas outras, e de onde emana uma enorme alegria de ser e de resistir.
Se andam com falta de sorrir, venham ao Cinema Ideal no próximo sábado às 4 da tarde. Se querem conhecer/lembrar os meandros daquele julgamento e da primeira acção feminista internacional em defesa daquelas valentes portuguesas, venham também.

Mas o programa vai muito além disto. Após a exibição, haverá uma conversa com a realizadora Luísa Marinho, António de Sousa Dias e Manuel Neves, moderada por Anabela Galhardo Couto.
Vão falar de um tema menos conhecido na vida de Maria Teresa Horta: a sua ligação ao cinema.
Não haverá certamente muitas mais oportunidades na nossa vida para ouvir Manuel Neves contar como, ali para o início da década de 50 do ano passado, o ABC Cine-Clube de Lisboa passou um filme extraordinário, que atraiu um grupinho de gente jovem, entre os quais vinha aquela rapariga a quem ele, algum tempo depois, viria a pedir que assumisse a direcção do cineclube, porque o regime não lho permitia a ele. E foi assim que Maria Teresa Horta se tornou a primeira mulher portuguesa à frente de um cineclube, e foi humilhada pela PIDE, e começou a arranjar sarilhos com a ditadura, aos 18 anos acabadinhos de fazer.

Caso queriam saber mais, encontramo-nos no próximo sábado, 7 de Junho, às 4 da tarde, no Cinema Ideal.

Bilhetes (5€/4€) à venda na bilheteira do cinema, ou online:
https://bilheteira.cinemaidealemcasa.pt/ (se não for possível comprar, tentem entrar por outra página do site, ou passar do PC para o telemóvel, ou vice versa)
Mais informações: https://www.facebook.com/events/1250223019866617



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