27 junho 2025

Joana Marques

 

Já tenho dito, e repito: não gosto do tipo de humor do Extremamente Desagradável da Joana Marques. Incomoda-me o olhar impiedoso, sempre em busca do ridículo nos outros, e o dedo (sou só eu que o acho salazarento?) que se ergue a apontar e humilhar. Um humor que vive do "parece mal..." - esse ranço tão português.

Sim, bem sei que o Estremamente Desagradável está numa cruzada contra a flatulência dos conteúdos que enchem o espaço público. Mas não será que a nossa sociedade corre o risco de morrer da doença e também da cura?

Quer dizer: como seria viver entre nós, se todos andássemos na vida com o mesmo olhar trucidante da Joana Marques, sentindo-nos no direito (e no dever, dirão muitos) de confrontar todos os outros com o seu espelho? Dizem: ah, e tal, se não gostas tens bom remédio, não vejas! Concordo inteiramente, penso que é uma atitude muito razoável, e até gostava de fazer essa mesma sugestão à Joana Marques. Se ao menos criasse personagens estereotipadas, em vez de andar a rir-se de pessoas concretas! Dito isto: não percebo como foi possível o tribunal ter aceitado levar em frente a queixa dos querubins, espero sinceramente que decida de forma exemplar a favor da acusada (que, mais que a Joana Marques, é a liberdade da criação humorística), e estou disponível para contribuir caso seja criado um fundo para a ajudar a pagar as despesas que possa haver.


Sem comentários: