Ontem houve um momento comovedor na assembleia de voto do Consulado de Berlim: uma jovem portuguesa descobriu que não podia exercer ali o seu direito de voto, e começou a chorar desconsoladamente.
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Para os emigrantes portugueses, o sistema eleitoral é muito complicado. Numas eleições o voto é apenas presencial, noutras é por sistema postal excepto se as pessoas se inscreverem (atempadamente!) para voto presencial. Depois há pessoas que mudam de casa, se esquecem de informar o Consulado sobre isso, e a carta com o boletim de voto é enviada para a morada anterior. E há as que dão a nova morada para efeitos de renovação do passaporte, mas esta informação não passa automaticamente para o sistema de recenseamento eleitoral.
A informação está toda no site da CNE, mas as pessoas provavelmente confiam que "vai ficar tudo bem", e no final têm decepções enormes.
E como se isto não fosse já muito complexo, ainda temos os correios alemães, que agora são uma sociedade anónima, e desde 2015 maioritariamente na mão de privados. O Estado português bem se esforça a enviar todas aquelas cartas com registo e aviso de recepção, mas estas, mal entram em território alemão, parece que lhes dá uma maluqueira qualquer. E como as pessoas não se dão conta de que a sua carta se extraviou ou voltou para trás, não contactam atempadamente a CNE para pedir novo envio.
(Também houve uma pessoa que recebeu a carta em casa, mas pensou "ah, prefiro ir votar ao Consulado" - perdeu a viagem e perdeu o voto, porque a carta tinha de ter carimbo do dia anterior. E houve outra que, ao ser informada de que não podia votar porque não se tinha inscrito para o fazer, desatou a insultar a mesa e a ameaçar: "Vocês não sabem com quem se meteram!")
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