Se a Berlinale acabasse hoje, para mim já estava ganha. Acabei de ver Good Luck to You, Leo Grande, de Sophie Hyde, com uma enorme Emma Thompson e um Daryl McCormack que, meninas, esqueçam o Brad Pitt.
É a história de uma antiga professora de religião, agora reformada, que nunca teve uma vida sexual satisfatória e contrata um trabalhador do sexo para tentar mudar alguma coisa.
Direi apenas que raramente vi um filme a tratar de coisas tão sérias de uma forma tão divertida.
A Emma Thompson comentou no final que é um momento extraordinário para a nossa história colectiva recente: fazer este filme sobre tocar e ter intimidade justamente nesta altura em que andamos tão separados. E também sugeriu a todos que cada um observasse ao espelho o seu corpo nu. Sem criticar. Disse que "it's very hot".
Gostei especialmente da parte "sem criticar". Nesta época em que já nos habituámos a viver condicionados pela tirania do peso, da aparência, das rugas aqui e das flacidezes ali, e que, superlativo da perversão, há mães a levar as filhas adolescentes ao ginecologista para pedir operações estéticas na zona genital, é bom que alguém nos convide a esquecer toda essa tralha que temos vindo a acumular, para nos reconciliarmos com o corpo que temos.
Este filme (também) faz isso.
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Quanto aos fait divers: esperei para ver a Emma Thompson passar no tapete vermelho - e tanto, que já não me deixaram entrar antes do team do filme. De modo que - oh, que grande azar o meu... - fiquei à espera junto às escadas que ela ia subir. Primeiro vieram a realizadora e o Daryl McCormack, que fizeram algumas palhaçadas para os fotógrafos, e a seguir apareceu Emma Thompson. Vinha a esfregar as mãos, que deviam estar geladas devido ao tempo que passou na rua em frente aos fotógrafos com temperaturas negativas. Quando estava a chegar ao cimo das escadas, começou a actuar (sim, isso mesmo: a Emma Thompson a improvisar gracinhas a três metros de mim). Depois tirou a máscara, e repetiu, para grande alegria dos fotógrafos. E minha. Suspeito que esta mulher até a dormir improvisa teatro. Quer dizer: agora pergunto-me se ressona como qualquer mortal, ou se faz de propósito, mesmo dormindo, aqueles serra para um lado e assobio para o outro que a gente vê no teatro.
Aqui estão os filmes, espero que gostem:
Daryl McCormack quase a esbardalhar-se pelas escadas:
Emma Thompson - take 1:
3 comentários:
Gostamos, sim! Manda sempre. És uma sortuda!
Invejosamente — por não me encontrar em Berlim — li esta publicação tão explicativa e divertida, que a mencionei no „ematejoca azul“. Espero que não se importe.
Lucy, contei o mais interessante de tudo que me aconteceu até agora. Mas quando tiver um tempinho conto o resto.
Ematejoca, claro que não me importo!
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