No dia 23 de Dezembro, a caminho da casa da nossa comadre, com quem costumamos passar o Natal, os filhos dela deram-nos a notícia de que a tinham encontrado morta em casa.
Mais Natal que nunca: fazermo-nos presentes. A chorar e a rir com os filhos da nossa amiga, a velar o corpo na sua sala (à maneira antiga, quando a morte fazia parte da vida e não acontecia apenas por erro médico). A despedirmo-nos dela cantando de mãos dadas canções da sua vida: "the river is flowing back to the sea", um cântico de Taizé que nos levou a um Natal numa igreja medieval de Perugia, o Hallelujah do Leonard Cohen que ela tinha estado a preparar para a consoada connosco.
Há cinco anos, ao som do tranquilo marulhar do Trasimeno, perguntámos uns aos outros o que tinha sido o melhor do ano que terminava. A sua filha, afilhada do Joachim, disse "o melhor deste ano é a minha mãe estar viva" - e eu emudeci de pasmo: muitas vezes esqueço-me do mais importante.
2 comentários:
Também emudeci. Obrigada.
Que experiência...
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