27 outubro 2021

ai, mas a vacina, e tal...

Nem sei porque é que escrevo sobre isto em português, país que não sofre de cepticismo contra as vacinas como acontece na Alemanha. Quer dizer: sei. Se escrever em alemão, além de dar erros ninguém lê. 
Portanto, aqui vou chover no molhado dos portugueses:

1. A quem diz que a vacina não nos safa de ir parar ao hospital, porque 10% dos doentes de covid nos cuidados intensivos são vacinados, e essa percentagem está a aumentar, é preciso explicar que é natural  que assim aconteça porque:
- com o passar do tempo a vacina perde eficácia
enquanto o vírus não for erradicado, e sendo certo que a vacina não é 100% segura, quanto mais vacinados houver maior será o número de pessoas vacinadas a precisar de hospitalização.
Se 100% da população estivesse vacinada, a percentagem de hospitalizados com covid seria de 100% vacinados - mas seria errado concluir que a vacina não serve para nada. Basta comparar a situação nos hospitais hoje com o que tivemos em 2020 e inícios de 2021, quando ainda não havia vacinas, para poder concluir que a vacina nos protege a todos, e permite libertar as capacidades do sistema de saúde para todos os outros doentes, que também precisam e têm direitos. 

2. Uma amiga dizia-me há dias que não tomava a vacina, porque tem medo das consequências. Parecia-me sinceramente preocupada e indecisa. Também eu fiquei preocupada, porque ela tem filhos que vão à escola, e neste momento as escolas são um dos lugares principais de contágio. O vírus continua entre nós, e procura as presas mais fáceis para se multiplicar. As crianças não estão vacinadas, são contagiadas, levam para casa. Por medo dos eventuais efeitos colaterais desta vacina, a minha amiga pôs-se numa situação de estar a viver sem defesas junto a uma autêntica auto-estrada do vírus.
Estranho paradoxo: para não correr o risco de perder a saúde devido a algum efeito desconhecido ou muito pouco provável da vacina, aceita viver em situação de risco de perder a saúde e até a vida devido aos efeitos já por demais conhecidos do vírus. 

Por gostar muito dela, resta-me esperar que a imunidade do grupo a proteja. Mas se fosse outra pessoa, diria que é uma oportunista que ganha com o esforço solidário dos restantes, sem fazer a parte que lhe compete. 

 

1 comentário:

Jaime Santos disse...

Uma vacina é como um capacete que se usa ao andar de mota ou bicicleta. Não impede o acidente (ficarmos contaminados), não impede ferimentos graves (sermos hospitalizados), nem impede a morte nesse caso. Mas diminuiu a probabilidade dessas coisas sucederem e se sucederem.

Contrariamente ao capacete, até diminui a hipótese de contaminação (é um pouco uma combinação de capacete, colete e de luzes de aviso).

Acho que qualquer pessoa racional toma estas precauções quando anda de bicicleta ou mota...

Julgo que nós decidimos bem ao não obrigar as pessoas a vacinarem-se, porque uma obrigação de tomada de um medicamento que pode ter efeitos secundários geraria sempre resistência.

Penso que a melhor maneira de convencer a sua amiga é fazer-lhe notar que a probabilidade de efeitos secundários sérios pela tomada da vacina é extremamente baixa (um em vários milhões) enquanto que a probabilidade de morte em caso de contração da doença (provável em quem lida com crianças) é qualquer coisa entre 0,1%-2%...

Se você tiver que fazer uma longa viagem e tiver medo de andar de avião, deve ainda assim preferir o transporte aéreo, em vez do automóvel. É bastante mais seguro...

So, it's a no brainer...