Esta manhã, bem cedinho, fui ao Aldi em busca de uma tábua de cozinha toda xpto para uma amiga.
Aproveitei para ir visitar os cisnes que nasceram há pouco no lago, mas não estavam por lá.
Não importa - foi bonito na mesma. Com caminhos para o supermercado como são os do meu bairro, é um milagre não ser muito mais consumista.
Quando cheguei ao Aldi, a tábua de cozinha já estava esgotada. Devia ter ido às sete da manhã, talvez até um pouco mais cedo. Triste vida.
Voltei para casa. Preparei um bolo para uma miúda que faz amanhã quatro anos, mais um pudim para a mãe dela, que faz anos depois de amanhã, mais dois pés das capuchinha que tenho estado a fazer germinar e crescer, para dar à pequenita e ao irmão, e pus-me a caminho. Os dois apareceram à porta com os olhos muito brilhantes, muito felizes. Há duas semanas que falam cheios de expectativa do bolo que lhes vou dar.
Tudo começou nas férias de inverno deste ano: cheia de admiração pelo esforço inaudito que o maestro do meu coro faz para nos manter animados nos ensaios por zoom, decidi fazer para ele o que é de momento o meu bolo de chocolate favorito, com gordura até dizer chega, e fui-lho levar. Estavam a sair para férias, de modo que só depois de instalados num chalet nos confins de uma floresta nevada é que se sentaram a saborear. O bolo já é muito bom - mas provado pela primeira vez num início das férias na neve, depois de uma viagem de várias horas, torna-se realmente especial. E assim nasceu uma tradição cá nossa: quando faço um bolo para mim faço também para eles. Adoram a surpresa - e os miúdos começaram a sonhar com o bolo de chocolate para o seu dia de aniversário. Que eu prometi fazer, como é óbvio: é uma maneira muito fácil de os fazer sentir importantes e únicos.
No caminho de regresso parei no Aldi do bairro deles para tentar o milagre de encontrar a bendita tábua. Uma empregada muito simpática descobriu onde estava a última que ainda existia na loja. Voltei para casa de coração cheio: alimenta-se da alegria dos outros.
Tenho duas declarações de impostos, uma tradução e uns mails importantes para fazer, e não fiz nada.
Mas enchi o meu dia de beleza e de sorrisos.
Na vida, há que saber definir prioridades.
5 comentários:
Pensa bem: se partilhasses a receita, ainda podias multiplicar isso.
Na imagem 3 "...nem uma agulha bulia/na quieta melancolia...", isto caso existam pinheiros por aí
jj. amarante,
"nem uma alga bulia"... :)
Este ano há um problema grave de algas nestes lagos.
Rita,
não me digas que vou ter de fazer um post com esta receita?
Os teus desejos são ordens! :)
Ah, Rita, já me ia esquecendo: aquelas fotografias de pessoas debaixo de árvores berlinenses enormes e com uma bicicleta ao lado são sempre feitas a pensar em ti. Com saudades!
Subscrevo o pedido da receita e a multiplicação da tua alegria
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