09 março 2021

Harry e Meghan e os outros

Então ninguém fala da entrevista da Oprah à Meghan e ao Harry?
Pronto, falo eu. Mesmo que esteja a falar sozinha, e apesar de não ter tido tempo para ver duas horas de entrevista (mas isto são as redes sociais, não é preciso saber do que se está a falar para ter opinião...).
1. No fundo, é tudo lamentável. Olho para aquela família, e sinto pena de todos (menos dos que são um caso de polícia, claro).
2. A Meghan e o Harry não têm alguém maduro que os ajude a pensar para além do passo seguinte?
3. Espero que aquele avô não morra tão depressa (e aquela avó ainda menos, pelos mesmos motivos e mais alguns), porque depois disto duvido que lhes seja possível ir dar um beijinho de adeus e participar no funeral.
4. Parece que não receberam aqueles sete milhões pela entrevista. Ainda bem! Ia parecer que "mataram a avó" (de certo modo: a galinha dos ovos de ouro) por apenas sete milhões.
5. Não percebo como é que um casal que queria tanto ficar ao abrigo dos ataques da comunicação social se sujeita a si próprio e à sua família a tamanha lavagem de roupa suja em público. Depois disto escusam de protestar por uma televisão ter ido a correr entrevistar o pai da Meghan. Foram eles quem abriu a caixa de Pandora - e não tenho a menor satisfação em dizer isto.
6. Alguns esclarecimentos que fui lendo por aí (e se estiver errada, agradeço que me corrijam):
- Nem todos os netos da rainha são princípes e princesas;
- As filhas do André são princesas, mas não têm direito a segurança pessoal.
(Há naqueles depoimentos algumas passagens contadas de forma, digamos, demasiado unilateral.)
7. Uma confissão que me vai desgraçar de vez: eu também estava curiosa para saber a cor do Archie, porque me dava gosto ver alguma variedade de cor de pele naquela família. Isso faz de mim racista? 8. Dito isto, uma conclusão: caso houvesse alguém que ainda não se tivesse dado conta de que aquela família está longe der ser o melhor emprego vitalício do mundo, o mais tardar agora ficou a saber.  

3 comentários:

Lucy disse...

até custa acreditar que não seja tudo ficção...

Susana Rodrigues disse...

Olá Helena, obrigada por este post!

Relativamente ao seu ponto 7., eu própria dei comigo a pensar que, quando estava grávida, me interrogava se o meu bebé iria ter o cabelo encaracolado como eu. Interrogarmo-nos sobre a cor da pele do bebé, e dos olhos, do sexo, já agora, ou a forma do cabelo, é a coisa mais normal do mundo. A menos que a característica em causa venha a ser alvo de chacota e/ou discriminação. Será que neste caso foi? Duvido. Ou ela teria ido para a justiça, discretamente, para resolver a contenda. Ter-lhe-ia ficado melhor e sempre prescindia de fazer figuras tristes e tão feias.

Helena Araújo disse...

Olá Susana,
eu também me perguntava se os meus filhos teriam olhos castanhos como eu ou azuis como o meu marido.
Mas mantenho a questão: quando essa pergunta é sobre o filho de alguém que tem experiência de ser vítima de racismo ou racialização, continua a ser apenas curiosidade? É um terreno minado.
Também não sei em que contexto é que foi colocada a pergunta, e não me custa admitir que poderia conter - mesmo que involuntariamente - um certo sentimento de rejeição. Mas custa-me muito acreditar que a rainha tenha decidido não dar o título de príncipe a um bisneto por causa da sua cor. A chefe da Commonwealth não ia cometer uma estupidez tão grande. E na entrevista as coisas não são colocadas com essa clareza, são apenas alinhadas de uma forma que pode sugerir sem que sejam acusados de ter afirmado isso.
Agora: "ir para a justiça, discretamente" são duas impossibilidades juntas. Nem sei qual delas é mais impossível.