Fiz centenas de fotografias do nosso presépio covidoso (com marcações no chão para garantir a distância de segurança, com setas para indicar às pessoas em que direcção devem circular, e com os velhinhos todos em confinamento por trás do gramofone) e do nosso "pinheirinho de Natal" sustentável (feito com um ramo que apanhámos no chão da floresta, para evitar cortar um pinheiro e deitar fora algumas semanas mais tarde). Mandámos algumas imagens para o grupo WhatsApp da família, sabendo de antemão que somos nós quem vai ganhar o primeiro prémio (a tal caixinha de 6 garrafas de espumante alemão).
A Christina concorreu com um presépio vazio, dizendo que o São José e o burro foram apanhados numa covid-party, e a polícia mandou toda a gente para casa fazer quarentena.
Telefonámos à minha sogra a perguntar se já tinha decidido dar-nos o primeiro prémio a nós, mas ela disse que primeiro era preciso decidir democraticamente por votação universal. Também contou que a Christina estava a telefonar a toda a gente a desejar boas festas, e aproveitava para pedir que votassem nela. Ficamos chocadíssimos com aquele trabalho de lobbyismo. Já não há justiça neste mundo?
Vamos ganhar, claro. Nem sei porque é que os outros concorreram.
Gastei metade do dia a apagar algumas centenas das centenas de fotos que fiz.
(O primeiro a chegar ao presépio foi o vendedor de uvas, vá-se lá saber porquê. O segundo, foi uma cigana com um bebé ao colo. Sei bem porque é uma das primeiras da fila: o presépio é o lugar dos excluídos. Geralmente temos ainda uma indígena hopi na linha da frente, mas desta vez teve de ficar no lar de terceira idade, que este ano também é - tristemente - o lugar dos excluídos.)
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